terça-feira, 23 de maio de 2017

Crítica: Hardcore Henry: Missão Extrema | Um Filme de IIya Naishuller (2015)


Henry está confuso. Ele acaba de ser acordado em um sofisticado laboratório e uma atraente cientista, Estelle (Haley Bennett) o cumprimenta e o informa cuidadosamente que seu nome é Henry, que ela é sua esposa e que ele sofreu um acidente que o deixou mudo e sem memória. Realmente Henry não se lembra de nada mesmo. Apenas acompanha a substituição de membros ausentes por sofisticadas próteses cibernéticas e que pouco depois o laboratório é invadido por um grupo de mercenários fortemente armados liderado por um vilão com poderes telecinéticos chamado Akan (Danila Kozlovsy) que sequestram a cientista. O camaleônico Jimmy (Sharlto Copley) é a única esperança de Henry de encontrar a sua esposa novamente e respostas para as perguntas que sua amnésia impõe. “Hardcore Henry: Missão Extrema” (Hardcore Henry, 2015) é uma produção de ação e sci-fi russa e norte-americana escrita e dirigida por IIya Naishuller. Tendo nos bastidores da produção o envolvimento do visionário cineasta russo Timur Bekmambetov, o filme produzido com um valor irrisório comparado ao que se tem usado para se fazer filmes do gênero atualmente, essa produção faturou valores generosos nas bilheterias comparado ao valor de seu custo de realização. Todavia dividiu a crítica especializada e o público com sua narrativa em primeira pessoa que muito se assemelha a um videogame de tiro.

Hardcore Henry: Missão Extrema” é incessante, caótico e violento. Se por um lado a perspectiva dada em primeira pessoa confere ao filme uma experiência intensa de imersão, por outro lado se torna excessivamente cansativa aos sentidos. O ritmo constantemente frenético e confuso que é adotado nessa produção, que muita beira ao experimentalismo devido à ausência de uma gama maior de exemplares como esse, facilmente é capaz de dividir o público habituado a produções mais convencionais. E seu maior problema se encontra em sua própria pretensão. A história se mostra confusa em sua maior parte e toda a potencialidade da imersão idealizada é levada ao extremo por um período longo demais. A ideia de manter o espectador perdido nos acontecimentos como Henry sem memória se mostra uma ótima sacada em teoria, mas irritante depois de algumas idas e vindas de Sharlto Copley pela película onde ele aparece e some nas formas mais inusitadas possíveis. A sua grande reviravolta que busca demonstrar a presença de substância na essência de seu material vem no desfecho inesperado, mas que não ameniza em sua totalidade o sofrimento ao qual o espectador é exposto com tanto caos, violência gratuita e carnificina por segundo.

O maior e talvez o único mérito realmente válido de “Hardcore Henry: Missão Extrema” se mostre na pretensão de intencionar uma inovação cinematográfica ao gênero (o cineasta francês Franck Khalfoun fez algo parecido ao gênero do terror em “Maníaco). Intenção essa que o filme concretiza e inclusive raspa a superfície do sucesso, mas que não se afirma com a devida solidez por não abrir mão em nenhum momento da convicção de suas ideias inovadoras. Apresentar um modo diferente de mostrar uma história relativamente simples não basta. Faltou uma dose de equilíbrio a sua proposta.

Nota:  6/10

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