sábado, 15 de julho de 2017

Crítica: A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell | Um Filme de Rupert Sanders (2017)


Em um mundo futurista, o hábito de se fazer aperfeiçoamentos no corpo humano através de inserções tecnológicas se torna comum. O ápice dessa evolução é a Major Mira (Scarlett Johansson), que teve seu cérebro transplantado para um corpo totalmente cibernético construído pela Hanka Corporation. Considerada o futuro da empresa, logo a Mira é adicionada a um departamento especial da polícia local chamado Seção 9. Em sua jornada de combate ao crime sob o comando de Aramaki (Takeshi Kitano), ela conta com a ajuda de seu parceiro, Batou (Pilou Asbaek) nas perigosas tarefas de sua função. Mas em meio a investigação sobre o assassinato de vários executivos da Hanka por um misterioso assassino, ela começa a descobrir alguns segredos sombrios da empresa responsável por sua criação e sobre si mesma. “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” (Ghost in the Shell, 2017) é uma produção de ação e ficção científica escrita por Jonathan Herman e Jamie Moss, e dirigida por Rupert Sanders. Baseada no icônico mangá japonês Ghos in the Shell de Masamune Shirow (que gerou uma animação que por aqui foi chamada “Fantasma do Futuro”, em 1995), essa versão live-action prioriza o visual estarrecedor de sua fonte, ao mesmo tempo em que falha em engrandecer as mensagens de seu contexto revolucionário.

A fascinante estética visual de “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” é a melhor coisa que se pode dizer sobre essa obra de ficção cientifica que absorve e expõe toda a inspiração do universo de sua fonte. Quando em sua introdução, dentro de um laboratório hi-tech um cérebro humano é metodicamente acomodado em uma concha, onde em sua extensão está um esqueleto robótico feito de metal e componentes eletrônicos, e segundos depois emergindo de um denso tanque de um sofisticado processo laboratorial surge uma mulher em carne e osso, o salto evolutivo que culmina na Major Mira, a qual toda sua perfeição é personificada na figura da belíssima atriz Scarlett Johansson, o espectador tem a ideia precisa do que está por vir. O filme é um agradável delírio visual como há muito tempo não se via no cinema de ficção científica. Porém a discussão da relação homem/máquina e a ética ligada aos aspectos da ciência e seus desenvolvimentos são deixados em segundo plano. Pelo menos em se tratando de competência. Tanto o enredo que dissecado pelos roteiristas não consegue imprimir uma cativante opinião sobre as ideias que toca, como a direção de Rupert Sanders que dedicada a confeccionar cenas de ação fantásticas em paisagens futuristas surreais, essa produção falha em oferecer algo memorável. Todos os elementos necessários estão impressos na película, mas em um ritmo e profundidade equivocada. Se as passagens de ação são deslumbrantes, os diálogos carecem de mais atenção e a montagem burocrática dos eventos não ajuda o conjunto, pois os momentos de perigo na verdade não conseguem demonstrar essa emoção.

O trabalho que remete a lembrança de filmes como “Blade Runner” (1982) e “Matrix” (1999) em sua forma e essência, “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” falha onde suas comparações atingiram um nível de excelência incomparável. Se no elenco, Scarlett Johansson cumpre com seu papel de forma funcional, é bastante curioso que o completo desconhecido Pilou Asbaek se destaque tanto em tela, como ao mesmo tempo, a atriz Juliette Binoche consiga elevar sua personagem clichê de cientista com crise de consciência a um nível tão promissor como muitos outros talentos de Hollywood nem chegaram perto. Assim sendo, “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” não chega a fazer feio diante de sua fonte de animação, mas também não chega a sequer a se igualar a ela. A versão live-action tem as qualidades, os seus momentos de glória e tudo mais, mas com um pouco mais de esmero no roteiro e uma direção focada em algo mais do que no visual esse filme poderia ter sido muito melhor.

Nota:  7/10

6 comentários:

  1. Infelizmente eu não consegui aproveitar o filme. A unica coisa que passava na minha cabeça durante o filme era:
    "Aquele cachorro é referencia do segundo filme, o primeiro ministro e a relação com o hacker é sobre o primeiro."
    "Essa história sobre a origem dela eu não conheço, mas deve ser referencia ou dos outros filmes ou da serie que eu não assisti."

    Falando em atores tu não reconheceu o Pilou ? Ele apareceu junto da Scarlett em Lucy.

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    1. O cachorro é uma referência ao segundo filme sim. O autor, Masamune Shirow é um grande admirador da raça. Inclusive ele tem um segundo informações de trivialidades que constam no site do IMDB sobre essa produção.

      Quanto ao ator Pilou Asbaek: juro que não lembro de ter visto ele no filme. Embora "Lucy", eu tenha gostado em alguns aspectos, certamente que seu papel era bem menor. Eu acho. Só revendo para ter certeza.

      abraço

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    2. Ele é o amigo da Lucy que fica discutindo com ela logo no inicio do filme. Eu não te culpo por não lembrar, eu mesmo tinha esquecido do filme por completo, só reconheci o ator por ter re-assistido recentemente kkkk

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    3. É mesmo... não lembro dele pessoalmente, mas lembro dessa cena logo no início. Bem lembrado!

      Abraço

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