domingo, 24 de dezembro de 2017

Retrospectiva 2017: Parte 3

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Retrospectiva 2017: Parte 2

sábado, 2 de dezembro de 2017

Retrospectiva 2017: Parte 1

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Crítica: Caçadores de Obras-Primas | Um Filme de George Clooney (2014)


A Segunda Guerra Mundial oculta centenas de milhares de histórias fascinantes que esperam para serem contadas ao mundo. “Caçadores de Obras-Primas” (The Monument Men, 2014) é a materialização de uma dessas histórias que esperavam ansiosas para serem contadas. Trata-se de um drama de guerra dirigido e estrelado por George Clooney que baseado em fatos reais, o longa-metragem familiariza o espectador com o roubo de milhares de obras de arte realizado pelos nazistas com o intuito de seu ditador, Adolf Hitler fundar o maior museu de arte do mundo chamado The Führermuseum. Tendo como inspiração um livro de mesmo título escrito por Robert M. Edsel e Bret Witter, o roteiro é de responsabilidade de Clooney e seu habitual colaborador, Grant Heslov. Mas seu desenvolvimento naturalmente teve liberdades poéticas para enriquecer (engordar a trama e conferir certa dramaticidade a história) sobre o pouco conhecido interesse de Hitler por obras de arte e a importância dada a esse aspecto pelos nazistas durante essa sangrenta guerra que remete a uma mancha na história da humanidade. Em sua trama basicamente acompanhamos alguns soldados de habilidades bem particulares para um campo de batalha que foram escalados com a missão de preservar o que resta de icônicas obras de arte e monumentos históricos e resgatar o que foi roubado pelas tropas nazistas. Espalhados pela Europa na fase final da guerra, diante da inevitável derrota dos nazistas, esse grupo intitulado “The Monument Men” atravessam por difíceis situações e aventuras pelos destroços de uma Europa devastada para cumprir sua missão.

Caçadores de Obras-Primas” é um exemplar curioso de drama aventuresco de potencial teórico formidável que resulta em um longa-metragem mediano. Embora seja composto por um elenco grandioso de dar água-na-boca em qualquer cineasta (George Clooney, Matt Damon, Bill Murray, Cate Blanchett, John Goodman, Jean Dujardin, Hugh Bonneville e Bob Balaban); uma reconstituição de época de proporções também épicas rica em detalhes como poucos filmes recentemente conseguem erguer na película e uma premissa inédita ao gênero, essa produção desperdiça sua essência motivadora (essa essência declarada a partir de monólogos demasiadamente carregados de emoções artificiais por George Clooney) com um desenvolvimento convencional infeliz. “Caçadores de Obras-Primas” tem contornos de originalidade que se esboçam em sua estrutura narrativa, mas que resultam em sugestões que não se confirmam em sua totalidade. Desprovido de emoções fortes e verdadeiras, o trabalho de direção de Clooney falha em sua conexão emocional com o espectador. Embora declare em alto e bom tom o porquê da existência dessa produção, ela não convence de acordo com as expectativas que se anunciam em sua introdução. Oscilando entre uma proposta comercial (Clooney adota passagens humor que busca aproveitar o talento cômico de atores como Bill Murray e John Goodman) e um filme de pretensões para premiação, ao adotar uma trilha sonora magistral e uma direção de arte impecável.

Contudo, ainda que esse longa-metragem esteja repleto de qualidades, em sua maioria ligada aos aspectos técnicos, essa produção tem o seu valor. Clooney entrega seu filme mais fraco após uma grata ascensão que resultou em filmes como “Os Homens que Encaravam Cabras” de 2009 e “Tudo pelo Poder” de 2011. "Caçadores de Obras-Primas" se mostra um filme até interessante, embora esse valor esteja mais agregado ao fato desse aspecto pouco conhecido da história ser revelado numa produção cinematográfica oriunda de Hollywood, do que propriamente por sua realização.

Nota:  6/10

domingo, 1 de outubro de 2017

Crítica: Golpe de Moedas | Um Filme de Emily Hagins (2017)


Quando a escola passa por graves dificuldades financeiras devido a uma ação de corrupção, que coloca sua existência em risco, um pequeno grupo de estudantes tenta arrecadar o dinheiro necessário para ajudar a sua escola executando um perigoso plano criminoso de invadir a Casa da Moeda dos Estados Unidos e fabricar intencionalmente uma moeda defeituosa que poderia ser vendida para colecionadores de raridades. Entre as dificuldades de por o difícil plano em ação, o grupo ainda tem que lidar com as típicas convenções de um baile da escola no qual estão envolvidos e as suspeitas de um intrometido professor de artes que suspeita das ações ilegais desse inusitado grupo. “Golpe de Moedas” (Coin Heist, 2017) é um filme estadunidense original da Netflix que foi escrito e dirigido por Emily Hagins. Baseado em um romance escrito por Elisa Ludwing focado em um público juvenil, sua adaptação cinematográfica preserva veemente esse foco. Protagonizado por Sasha Pieterse, Alex Saxon, Alexis G. Zall, Jay Walker, Connor Ratliff e Michael C. Creighton. Feito por jovens para jovens, Emily Hagins entrega um filme com corpo e alma de filmes de televisão, mas com um nível de qualidade um pouco abaixo dos demais filmes lançados pela produtora Netflix.

Longe de ser um filme capaz de concorrer a prêmios e muito menos de ganhar, ainda assim “Golpe de Moedas” é um filme de certa forma interessante. Seu maior problema é sua falta de pretensão de ser mais do que é realmente. A história original da qual se baseia é desperdiçada por situações comuns e soluções fáceis que não conseguem prender a atenção com a devida eficiência. Embora o elenco seja funcional, ele também carece de força e de um grande nome o encabeçando. Além do mais, o roteiro tropeço de Emily Hagins peca demais prejudicando o elenco. O conjunto de situações que se mesclam ao objetivo do roubo é um emaranhado de clichês batidos de filmes dos gêneros em que toca (filmes adolescentes e filmes de roubo) que não causam nenhum fascínio a quem costuma apreciar filmes assim. Além do mais, as situações onde o filme almeja alcançar momentos de tensão nunca acontecem realmente com um nível de eficiência válido. Por isso, entre trancos e barrancos e um desfecho supostamente feliz, “Golpe de Moedas” atende a sua proposta, mas não se destaca se comparado a inúmeros outros filmes. Por fim, o resultado rende um passatempo descompromissado com longevidade, que possivelmente vai agradar o público em diferentes níveis.

Nota:  5,5/10

domingo, 17 de setembro de 2017

Crítica: Bikini Car Wash | Um Filme de Nimrod Zalmanowitz (2015)


Jack (Jack Cullison) é um inconsequente universitário que está com os dias contados na faculdade, pois vive uma vida desregrada ao lado de seu amigo, Vex (Jason Lockhart) enquanto suas notas o condenam. Quando um de seus professores propõe a Jack o trabalho de gerenciar uma lavação de carros por uma semana como uma prova que pode resolver seus problemas acadêmicos, o estranho desafio é encarado com uma peculiar criatividade. Com a ajuda de seus amigos, garotas seminuas e muito jogo de cintura, essa turma se mete em muita confusão no processo de alçar o empreendimento ao sucesso. “Bikini Car Wash” (All American Bikini Car Wash, 2015) é uma comédia erótica escrita e dirigida por Nimrod Zalmanowitz. Inspirada em um gênero de cinema dos anos 80 e 90, em uma produção de 1992, esse filme se arma de poucos atrativos narrativos, atuações medíocres e um roteiro inconcebível para apresentar uma história de humor que não tem graça e que dificilmente é capaz de cair no gosto de uma plateia diversificada. Embora entregue justamente o que sugere no cartaz e no trailer da produção, que esboça uma trama tosca e sem fundamento que apenas justifique o desfile de corpos femininos em pouca roupa, há uma ausência de comprometimento dos envolvidos em melhorar sua inspiração.

O maior problema de “Bikini Car Wash” é que ele não abraça verdadeiramente sua inspiração. Ainda que tenha em seu material a maioria dos elementos que levavam filmes como ele no passado, de histórias rasas e pobres recheadas de muito apelo visual oferecido por cenas de nudez, diretamente para sessões do tipo Cine Band Privé (sessão de filmes eróticos que era indicada para maiores de 18 anos) essa produção é extremamente soft se comparada aos filmes que o inspiraram. Sobretudo, com os devidos cortes “Bikini Car Wash” poderia ser exibido facilmente em qualquer horário. Além dos mais, as sequências exóticas que eram pontuadas por uma trilha sonora de rock’roll por bandas desconhecidas similares a clips de bandas famosas dos anos 80 não é adotado. As músicas não são legais e muito menos bem inseridas no desenvolvimento do produto. Uma perda narrativa irreparável para um filme que já não detêm muitas qualidades, já que o humor destemperado e as emoções implícitas que permeiam os relacionamentos dos personagens não são grandes atrativos para um filme que tem uma historia extremamente fraca e sem pé nem cabeça. Assim sendo, o pequeno texto que escrevo aqui não é necessariamente uma crítica a essa produção, mas um necessário alerta ao espectador que por alguma razão intenciona conferir o resultado desse filme. Passe longe de “Bikini Car Wash”!

Nota:  3/10


sábado, 16 de setembro de 2017

Crítica: A Toda Prova | Um Filme de Steven Soderbergh (2011)


Mallory Kane (Gina Carano) é uma ex-agente da CIA responsável pela realização de serviços sujos para uma agência de espionagem clandestina comandada por Kenneth (Ewan McGregor), um burocrata coordenador das ações da empresa. Após a realização de uma missão de resgate em Barcelona que teve um desfecho satisfatório, logo após Mallory é enviada para Dublin para outro trabalho, porém no qual é traída e quase morta sem motivo. Numa corrida contra o tempo, Mallory, vítima de uma misteriosa conspiração parte em direção aos Estados Unidos para proteger seu pai e descobrir a razão que causou essa inesperada traição. “A Toda Prova” (Haywire, 2011) é uma produção de ação e espionagem escrita Lem Dobbs e dirigida por Steven Soderbergh. O filme que é recheado com um elenco estelar típico dos filmes de Soderbergh, essa produção tem nomes no elenco como Michael Fassbender, Ewan McGregor, Bill Paxton, Antonio Banderas, Channing Tatum, Michael Douglas e Gina Carano. Estrelado pela famosa lutadora de MMA, Gina Carano, as cenas de ação foram todas realizadas pela habilidosa lutadora. Entre muitos astros, a inexperiente atriz também não faz feio diante de seus adversários e confere alguns bons momentos de ação em sua jornada de vingança. Sobretudo, com uma trama simples e de poucos atrativos narrativos, esse é talvez um dos filmes mais fracos de seu realizador.

Os atrativos de “A Toda Prova” são poucos. Embora o espectador possa ver reunido um elenco de peso como somente Soderbergh costuma reunir, a trama simplista dessa produção não se mostra cativante. O roteiro que adiciona todos os elementos conhecidos do gênero sem grande força, sendo que não existe uma exploração de personagens significativa e adiciona alguns elementos de humor que nem sempre funcionam com precisão, Soderbergh falha em conferir um diferencial ao projeto e realmente aproveitar as suas qualidades principais: o elenco. Considerando a reputação dos nomes dos atores, o filme transparece uma ligeira intenção de ser uma conveniente ocupação para os envolvidos enquanto não aparece um projeto realmente válido. É inegável que toda a excelência possibilitada pela experiência dos envolvidos está presente no filme, mas num projeto tão limitado em sua forma e essência que para quem está familiarizado com a filmografia do cineasta e do elenco principal, é impossível para o espectador não conter a decepção após ver algumas cenas (o destino idealizado pelo roteiro para o personagem de Ewan McGregor é simplesmente constrangedor). O filme é Interessante até certo ponto, isso pelas cenas de ação convencionais que funcionam ao modo do diretor ou pela aparência elegante e refinada da produção, mas ao mesmo tempo ainda é decepcionante em sua totalidade. Por fim, “A Toda Prova” se mostra um descompromissado passatempo dotado de algum refinamento que tenta alçar uma nova estrela para o gênero de ação, mas que apenas produz um exemplar descartável que possivelmente poderia ser encabeçado por qualquer atriz conhecida que teria o mesmo efeito para a plateia.

Nota:  5,5/10


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Crítica: Os 33 | Um Filme de Patricia Riggen (2015)


Em 2010, 33 mineiros da cidade de Copiapó, no Chile, que trabalhavam em uma mina passaram por um teste de resistência inédito para o mundo. A mina após demonstrar sinais de perigo, acaba desmoronando e soterrando os trabalhadores a centenas de metros de profundidade. A única saída da mina está bloqueada, o rádio para pedir ajuda está quebrado, o kit de primeiros socorros está vazio e os poços de ventilação que não possuem as escadas a certa altura se tornam inúteis. Além do mais, há pouca comida armazenada para tantos homens, e considerando as dificuldades de acesso do resgate, talvez não haja tempo suficiente. Quando os donos da mina afirmam não terem condições de fazer o resgate, os dando como mortos, o governo chileno decide intervir na ação com uma ajuda internacional e contra todas as probabilidades, um milagre acontece quando após 69 dias todos os mineiros são resgatados com vida. “Os 33” (The 33, 2015) é um drama biográfico escrito por Mikko Alanne, Craig Borten e José Rivera. Dirigido pela diretora mexicana Patricia Riggen, o filme é baseado em eventos reais retratados no livro do jornalista americano Hector Tobar. Estrelado por Antonio Banderas, Rodrigo Santoro, Juliette Binoche, James Brolin, Lou Diamond Phillips e Gabriel Byrne, o filme transporta o espectador para deserto do Atacama e apresenta o desenrolar dos acontecimentos que fizeram por cerca de mais de dois meses os olhos do mundo se voltarem para Chile com solidariedade.

Rico em detalhes, brilhantemente interpretado e intenso nas emoções, “Os 33” funciona ao que se propõe: contar o quanto difícil foi resgatar os mineiros das profundezas da terra. O filme conta com diferentes perspectivas os acontecimentos que ocorreram, ao demonstrar os obstáculos das equipes de resgate de encontrar e salvar os mineiros na superfície. Isso ao mesmo tempo em que eles, soterrados precisam se manter vivos até a chegada do resgate. O tempo, a geografia do lugar e a proliferação de temperamentos inflamados devido ao estresse proporcionado pelas poucas chances de vida que os mineiros têm são desafios que precisam ser superados enquanto o resgate não ocorre. A diretora consegue preencher com competência o tempo, criando cenas lirismo (o banquete imaginário tido como a última refeição dos mineiros que estão desacreditados quanto à possibilidade de serem salvos), cenas de emoção protagonizadas pela atuação da atriz Juliette Binoche que se recusa a aceitar a possibilidade de perder o irmão e as escolhas certeiras de elenco dadas por nomes como Antonio Banderas e Rodrigo Santoro que conferem ao filme atuações de grande brilho aos olhos e aos sentidos. Santoro que normalmente se encontra apagado em filmes estrangeiros, encontra nesse trabalho um de seus melhores desempenhos.

Assim sendo, “Os 33” é um conto de esperança baseado em fatos reais e com um final feliz verdadeiro. Convincente e dramático em sua forma, sua história se trata de uma experiência cinematográfica bem contada narrativamente que aborda a cruzada de diferentes personagens que rondavam a empreitada, e não apenas a dos mineiros. Um dos poucos lamentos talvez esteja no fato do idioma escolhido que renega o nacional do Chile e adota o inglês como escolha, mas que não atrapalha a retratação do trágico desastre e o heroico salvamento desses homens que ao final ainda recebem uma discreta homenagem durante a subida dos créditos finais.

Nota:  7,5/10

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Cinema e Música: Clube da Luta - Pixies - Where is my Mind

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Crítica: Eu Não Sou um Serial Killer | Um Filme de Billy O’Brien (2016)


John Cleaver (Max Records) é um jovem de 16 anos clinicamente propenso a ser no futuro um assassino em série. E ele sabe disso. Diagnosticado e tratado como tal, ele reluta contra seus instintos. E embora seja obcecado pela história e trajetória publica de assassinos em série, também não tem desejo de se tornar um. Vivendo sobre uma rigorosa doutrina que controla seus impulsos homicidas, e evita que ele realize um assassinato, essas regras são adotadas para o seu bem e das pessoas ao seu redor. Mas quando um verdadeiro monstro e assassino surge misteriosamente em sua cidade, e as pessoas começam a morrer, sua atenção se volta para os mistérios em volta desses homicídios. Porém, descobrir a identidade do assassino é uma tarefa fácil se comparado às dificuldades de impedi-lo e leva-lo a justiça. “Eu Não Sou um Serial Killer” (I Am Not a Serial Killer, 2016) é uma produção de suspense e terror escrita por Christopher Hyde e Billy O’Brien. Também dirigida por Billy O’Brien, esse longa-metragem é adaptado da série homônima escrita pelo escritor de horror e ficção científica Dan Wells, publicada em 2009. Estrelado por Max Records, Christopher Lloyd e Laura Fraser, “Eu Não Sou um Serial Killer” estreou no South by Southwest Film em março de 2016. Essa produção cria uma boa atmosfera de suspense psicológico sem compromisso e ainda reserva uma surpresa diferente para o seu final.

Eu Não Sou um Serial Killer” tem todos os elementos de um bom suspense de terror. Um ambiente comum típico de filmes do gênero; uma atmosfera bem criada que mantem a atenção do espectador do começo ao fim; personagens cativantes e uma trama aparentemente sólida. Mas por que aparentemente? Porque depois que o diretor Billy O’Brien, que lá pela metade do filme já havia provado o seu valor atrás das câmeras, onde trabalhou todo o seu potencial na condução de um produto bastante satisfatório no gênero do suspense e horror, a trama desse filme envereda repentinamente em seu desfecho por caminhos diferentes. O caminho da ficção científica, uma das bases de todo trabalho literário de Dan Wells. E para quem não conhece o foco do trabalho do escritor, pode estranhar o rumo que o filme toma ao fim. Se para uns pode até parecer apelativo, para outros algo desnecessário e para muitos destoante, ainda assim o elemento chama a atenção depois que o espectador já está familiarizado com os percalços de John Cleaver que tenta descobrir quem pode ser o assassino que tem causado medo em sua cidade. Através de um ótimo desempenho de Max Records que mescla bem as nuances de seu personagem com toques de ironia, sua atuação é favorecida pela presença do veterano Christopher Lloyd que faz o papel de um pacato vizinho e de Laura Fraser, a mãe de John.

Sem requer ser mais do que é, “Eu Não Sou um Serial Killer” é um bom filme que pode agradar fãs do gênero. Com uma ótima trilha sonora, uma direção de fotografia bacana e atuações legais, o filme prende a atenção do espectador com eficiência e proporciona alguns sustos bastante válidos para quem gosta. Porém seu desfecho, mesmo que bem anexo à trama principal, esse aspecto pode facilmente causar estranheza para quem não gosta de surpresas de fora de hora.

Nota:  6,5/10

sábado, 9 de setembro de 2017

Crítica: A Noite é Delas | Um Filme de Lucia Aniello (2017)


Quando algumas amigas de faculdade se reúnem depois de 10 anos para uma despedida de solteira, uma luxuosa casa de verão alugada em Miami vira um palco de tragédia e desespero quando a festa é interrompida pela morte acidental de um stripper que foi contratado para animar a ocasião. Em meio à loucura do momento, as circunstâncias desencadeiam reações inesperadas, irresponsáveis e heroicas que acabam por aproxima-las ainda mais uma das outras. “A Noite é Delas” (Rough Night, 2017) é uma produção de estadunidense de comédia escrita por Lucia Aniello e Paul W. Downs. Dirigida por Lucia Aniello (responsável pelo programa de televisão “Broad City), o filme tem no elenco principal Scarlett Johansson, Kate McKinnon, Jillian Bell, Ilana Glazer e Zoe Kravitz interpretando as cinco amigas que entram na enrascada. Embora o filme tenha algum brilho de humor permeado em sua narrativa, mais em seus diálogos do que propriamente nas situações cômicas e enlouquecidas que o enredo tenta emplacar, essa produção de comédia tem a curiosa capacidade de agradar e desagradar na mesma proporção. Algumas piadas até são boas, mas podiam nas mãos certas serem muito melhores.

A Noite é Delas” é uma espécie de “Se Beber, Não Case!” realizado por mulheres. Porém o sucesso da franquia realizada por Todd Phillips, que foi definhando ao decorrer de sua expansão, se fez devido ao entrosamento do elenco principal, coisa que não ocorre com mesma funcionalidade no trabalho de Lucia Aniello. O filme te ganhava pelos personagens. E isso não ocorre em “A Noite é Delas”. As situações criadas por Phillips eram quase um pano de fundo para um duelo de performances cômicas dadas pelo elenco principal. Além do mais, todo o planejamento bem intencionado da despedida de solteiro desce pelo ralo quando as coisas saem do controle e o elenco fica a mercê da criatividade dos roteiristas. Partindo do princípio que acidentes acontecem onde quer que seja, até aí tudo bem. Mas as sequências intermináveis de situações absurdas que beiram ao bizarro vão se enfileirando na tela e tiram o brilho do que mais importa: o elenco. O rumo que os eventos tomam para anistiar as meninas de suas decisões é um ultraje cinematográfico. Ainda por cima, esse aspecto da amizade duradoura que o roteiro tenta enfatizar não transparece nas interpretações. Scarlett Johansson que é um dos grandes nomes do elenco não demonstra ter aquela pegada para o cômico como seu papel necessita. Ainda há uma grosseira participação especial de Demi Moore demonstrando um fim de carreira que ela podia generosamente esconder de seus fãs.

Por fim, “A Noite é Delas” tenta de todas as formas possíveis levar uma dose de entretenimento agradável aos seus espectadores. E até consegue apresentando alguns momentos decentes de comédia que inclusive o torna assistível. Agora revê-lo novamente, mesmo que em um futuro distante daí é outra história.

Nota:  5,5/10

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Stranger Things 2


Stranger Things é uma série de televisão americana de ficção científica e terror criada, escrita, dirigida e co-executiva produzida pelos irmãos Matt e Ross Duffer, assim como co-executiva produzida por Shawn Levy e Dan Cohen, sendo distribuída pela Netflix. A série se passa na cidade rural fictícia de Hawkins, em Indiana, nos Estados Unidos, durante a década de 1980. O Laboratório Nacional de Hawkins, nas proximidades, ostensivamente realiza pesquisas científicas para o Departamento de Energia dos Estados Unidos, mas secretamente realiza experimentos paranormais e sobrenaturais, incluindo experimentos que envolvem pessoas em testes humanos, que começam a afetar os moradores inconscientes de Hawkins de maneiras desastrosas. A segunda temporada de Stranger Things havia sido anunciada pela Netflix em 31 de agosto de 2016. Matt Duffer e Ross Duffer continuam como showrunners e produtores executivos. A segunda temporada estreia em 27 de outubro de 2017.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Crítica: Onde Está Segunda? | Um Filme de Tommy Wirkola (2017)


Em 2073, a superpopulação causa uma preocupante crise mundial, resultando em uma rigorosa política de filho único imposta pela Agência de Alocação da Criança que é chefiada pela doutora Nicolette Cayman (Glenn Close). As crianças que excedem o limite são colocadas em estado de crio-sono a espera que o planeta um dia se recupere da escassez de recursos. Mas quando Karen Settman morre dando a luz a sete meninas gêmeas, o avô, Terrence Settman (Willem Dafoe) as adota sem o conhecimento das autoridades e as esconde da sociedade. As nomeando com os dias da semana e as ensinando a ser sempre a mesma pessoa através de rigorosos métodos ditados pelo avô, às sete gêmeas chegaram a idade adulta completamente despercebidas. Porém, quando Segunda (Noomi Rapace) desaparece, as outras abandonam o estado de reclusão e passam a ser perseguidas pelo governo. “Onde Está Segunda?” (What Happened to Monday, 2017) é uma produção de ação e ficção científica escrita por Max Botkin e Kerry Williamson. Dirigida por Tommy Wirkola (responsável pelo criticado “Jõao e Maria: Caçadores de Bruxas”, de 2013), essa é uma produção original da Netflix. Lançado em 18 de agosto de 2017 através do serviço de streaming, o filme obteve um respeitável índice de sucesso e um nível de qualidade satisfatório. Entretanto, realizado com a intenção de ser acessível e provocar adrenalina na plateia, o filme perde uma preciosa chance de ser memorável ao passar batido por temas relevantes de serem levantados pelo gênero.

O futuro distópico de “Onde Está Segunda?” é interessante e movimentado, mas também negligente quanto ao material que o enredo poderia potencializar. Claramente focado em gerar sequências de ação expressivas, esse objetivo é executado com um nível de excelência formidável. Sem exageros ou artifícios estéticos, as passagens de ação funcionam com competência. A criação da atmosfera futurista é eficiente, onde os acontecimentos se desdobram de forma tensa e ainda rendem algumas reviravoltas interessantes. Embora o roteiro seja marcado de algumas pontas soltas também, há um desperdício de não trabalhar com mais profundidade os conceitos presentes no enredo. Embora a atriz sueca Noomi Rapace esteja formidável em suas sete interpretações, as quais ela consegue conferir alguns diferenciais dramáticos interessantes, o roteiro se limita a diferencia-las com soluções fáceis. A presença de Willem Dafoe é uma incógnita por seu sumiço repentino da trama, enquanto Glenn Close é excessivamente caricata em seu desempenho. A questão da superpopulação é outro aspecto que carecia de mais aprofundamento, sendo que o roteiro também não se arrisca a propor soluções razoáveis. Além do mais, depois de muita correria que deixa um rastro de terror, o descamba para um desfecho quase que previsível e que lança essa ficção a um lugar comum. Sobretudo, “Onde Está Segunda?” se mostra um bom thriller de ação e sci-fi que vale a pena assistir, seja pela performance de sua protagonista ou pelas cenas de ação funcionais que provavelmente vão agradar fãs do gênero. Mesmo assim, poderia ser melhor. 

Nota:  6,5/10

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Crítica: Conexão de Elite | Um Filme de Joseph Castelo (2015)


Baseado em fatos reais que ocorreram na década de 80, Tobias Hammel (Thomas Mann), é um confuso estudante do ensino médio que acaba de ingressar numa renomada escola preparatória particular, e que num difícil processo de adaptação nessa nova instituição de ensino, ele acaba criando uma amadora rede de tráfico entre seu círculo de novas amizades. Um pouco para tirar vantagem de alguns ricos estudantes que buscam novas emoções, um pouco para impressionar a jovem e bela Lucy Fry (Alexis Hayes) a quem detinha uma paixão inacessível.  Aparentemente tudo corria bem em suas atividades criminais. Porém o que começou sendo apenas como uma inocente forma de se sociabilizar com seus novos colegas de sala e ganhar dinheiro, acaba ganhando contornos maiores, mais lucrativos e igualmente perigosos quando Tobias passa a buscar cocaína diretamente da Colômbia para vender a quem quisesse comprar. “Conexão de Elite” (The Preppie Connection, 2015) é um drama estadunidense escrito por Ashley Rudden. Dirigido por Joseph Castelo, esse longa-metragem é inspirado na vida real de Derek Oatis, que teve sua trajetória na escola em circunstâncias semelhantes. Para proteger a identidade das pessoas envolvidas a produção mudou os nomes verdadeiros de todas as pessoas ligadas ao caso, como adicionou mais material à história, acrescentando uma série de eventos que nunca realmente aconteceram, mas eram vitais para preencher o projeto.

Conexão de Elite” não traz novidades ao espectador. Sua narrativa segue burocraticamente o enredo dos acontecimentos em volta do personagem principal, onde as lacunas entre os fatos são preenchidas com adocicadas liberdades poéticas que resultam em um filme nada mais do que funcional. Sobretudo limitado. Sua trama é uma reprise de muito que do que já foi feito em outras produções semelhantes, que inclusive entregavam algo mais gratificante do que o diretor e roteirista Joseph Castelo foi capaz. Com uma reconstituição de época interessante, uma trilha sonora bacana e atuações razoáveis, “Conexão de Elite” deixa um pouco a desejar. Não que o filme seja ruim, mas é que ele não tem uma energia cativante que é necessária para nos solidarizar com o destino de seu protagonista. Para começar pela atuação de Thomas Mann, que entrega um simulacro de seu sucesso em “Eu, Você e a Garota que Vai Morrer”. Entre caras e bocas, sua atuação é idêntica em vários momentos. Depois a sua aparência de filme que foi feito sobmedida para a televisão. Isso tira um pouco o seu brilho. Mas seu maior problema é o fato de ser datado. A história de um jovem promissor que tinha um futuro brilhante pela frente, mas descamba para o crime, isso em tempos em que isso vem sendo cada vez mais comum em diferentes cantos do mundo, os fatos aqui retratados não chamam mais a atenção e muito menos causam espanto ao espectador habituado a ver isso constantemente nos noticiários. Isso aliado a uma estética bastante convencional, faz de “Conexão de Elite” um filme mediano e de pouca força. Sua existência é válida, mas ao mesmo tempo desnecessária.

Nota:  6/10


terça-feira, 5 de setembro de 2017

Crítica: Zulu | Um Filme de Jérôme Salle (2013)


Cidade do Cabo, África do Sul. Quando dois policiais, o detetive Ali Sohela (Forest Whitaker) e Brian Epkeen (Orlando Bloom) passam a investigar o assassinato de uma jovem que era filha de um famoso jogador de Rugby, as pistas que levam ao passado de preconceito do país durante o Apartheid, escondem as atividades de uma violenta gangue de traficantes que estão colocando nas ruas uma droga desconhecida que tem deixado um rastro de insanidade em seus usuários. “Zulu” (Zulu, 2013) é um thriller de ação policial escrito por Jérôme Salle e Julien Rappeneau, e dirigido por Jérôme Salle (responsável pelo excelente “Anthony Zimmer”, (2008) filme que originou o remake “O Turista” (2010) que foi estrelado por Johnny Depp e Angelina Jolie). Baseado no romance Zulu escrito por Caryl Férey, o filme estreou no Festival de Cannes de 2013, onde encerrou o evento. Em todo o mundo, este filme foi intitulado Zulu, exceto na África do Sul, onde foi chamado de “A Cidade Mais Violenta”. Com o papel principal concedido para Forest Whitaker, numa ótima performance, originalmente o papel era reservado para Djimon Hounson, mas após o seu abandono do projeto, ele foi substituído. Repleto de qualidades dramáticas dadas pelo contexto político sul-africano, atuações competentes e boas cenas de ação policial, o diretor e roteirista Jérôme Salle entrega um bom filme policial.

Embora distante das fronteiras americanas, “Zulu” explora todos os clichês possíveis dos filmes policiais norte-americanos, pois o roteiro de Salle se espelha rigorosamente em personagens, em eventos e na intensidade funcional de filmes americanos. Ainda que os elementos sejam mais discretos em alguns aspectos, todavia estão presentes. A África do Sul acomoda toda a reconhecida fórmula de um thriller policial adequado e mescla convenientemente uma série de particularidades desse mesmo território a seu favor onde, por exemplo, aborda em seu enredo as feridas do Apartheid, um violento regime racial que deixou uma herança traumática em seus habitantes. O filme funciona bem. Sendo que o enredo seguro de sua proposta aliado a um elenco funcional, onde Forest Whitaker se destaca genialmente e Orlando Bloom não fica muito atrás, demonstram as ótimas escolhas da produção. Permeado de cenas fortes de violência e tortura gráfica, Jérôme Salle transporta o espectador para o ambiente de preconceito e violência que reinava nas ruas sul-africanas. Sua história segue um padrão do cinema estadunidense, mas com um toque de condução europeia em um enredo menos banal.

Sobretudo, “Zulu” também tem algumas pontas soltas em sua trama que causam uma ligeira confusão, mas que não comprometem o conjunto da obra. Seu desfecho exagerado talvez seja um de seus maiores pecados. Porém, ainda assim essa produção é bem recheada de boas doses de suspense e tensão que geram ótimas passagens dramáticas, boas cenas de ação e um programa de entretenimento que pode facilmente agradar aos fãs do gênero, pois não fica devendo em nada para produções estadunidenses. Em alguns casos, em muitos devo dizer, até é capaz de superar.

Nota:  7/10

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

domingo, 3 de setembro de 2017

Crítica: O Experimento Belko | Um Filme de Greg McLean (2016)


Em Bogotá, na Colômbia, tudo corria bem nas Indústrias Belko, uma empresa multinacional que tem inúmeros funcionários americanos. E o que começou sendo apenas mais um dia de trabalho para seus 80 colaboradores, muda repentinamente quando todos são trancafiados no interior do prédio e obrigados a seguir as ordens de uma misteriosa voz, que anuncia através dos alto-falantes uma inesperada intimação: é necessário matar uns aos outros para sobreviver. As ordens que a princípio foram encaradas como uma brincadeira de mau gosto ou um teste psicológico por parte dos funcionários, logo serão vistas de uma forma extrema quando cabeças começam a explodir por conta de um chip de rastreamento para o caso de um inesperado sequestro dos funcionários, que para o espanto de todos também é uma bomba de controle remoto. “O Experimento Belko” (The Belko Experiment, 2016) é uma produção de terror e suspense escrita por James Gunn e dirigida por Greg McLean (responsável por filmes como “Wolf Creek” e “Morte Súbita”). O filme tem no elenco nomes como John Gallagher Jr., Tony Goldwyn, Adria Arjona, John C. McGinley, Melonie Diaz, Josh Brener e Michael Rooker. Inspirado no cult japonês “Batlle Royalle”, de 2000, que por sua vez também inspirou a franquia “Jogos Vorazes”, de 2012; essa produção é bem recheada de boas passagens de sangue e humor ocasionadas pelo roteiro inteligente de James Gunn (responsável pela franquia “Guardiões da Galáxia) e pela direção correta de Greg McLean focada no entretenimento garantido.


O Experimento Belko” diverte o espectador com pouco, pois é violento sem ser explícito e ainda apresenta algumas tensões numa proporção adequada para o gênero. As qualidades de sua premissa inclusive são bem sustentadas por todo o seu desenvolvimento, pois o roteiro explora de forma interessante a transformação do ambiente de trabalho em um campo de batalha implacável, no qual os colegas de trabalho se transformam em sanguinários combatentes. E nesse cenário, onde os personagens passam pelo dilema de matar ou não seus colegas de trabalho e amigos para garantir a sua sobrevivência, a queda das máscaras não é somente inevitável, como também é chocante pela forma como é apresentada. Quando os prazos se esgotam e alguns personagens são eliminados, o cenário vai ficando mais desolador. Por isso, se a ideia de colocar vários personagens lutando por sua sobrevivência não se mostra original a primeira vista, a forma como a história se desenvolve é interessante. Sem pretensões de emplacar mensagens ou reflexões profundas, seu desenvolvimento resume-se a um vença o melhor. Com boas atuações, personagens interessantes, uma trilha sonora legal sempre presente em boas passagens e um desfecho com direito a uma reviravolta bastante pontual, “O Experimento Belko” garante uma boa dose de entretenimento escapista sem soar forçado. O filme funciona ao que se propõe e diverte pelo conjunto de elementos presentes na tela.

Nota:  7/10

sábado, 2 de setembro de 2017

Crítica: Death Note | Um Filme de Adam Wingard (2017)


Em Seattle, Light Turner (Nat Wolff) é um brilhante estudante do ensino médio que tropeça em um caderno místico dotado de um grande poder. Caso o portador do caderno escrever o nome de uma pessoa nele, tendo em mente o rosto do sujeito que almeja tirar a vida e a forma como deve ocorrer a fatalidade, assim acontecerá. Influenciado pela figura de Ryuk (Willem Dafoe), um traiçoeiro deus da morte, Light e sua mais nova namorada, Mia (Margaret Qualley), os dois decidem levar a justiça contra todos os criminosos do mundo, eliminando cada um deles. Mas quando Light, adotando a alcunha de Kira, busca levar o medo a todos os criminosos do mundo, a sua cruzada de justiça começa a ser atrapalhada quando um jovem investigador chamado L (Keith Stanfield) aproxima-se de sua identidade e inicia um perigoso embate. “Death Note” (Death Note, 2017) é um suspense de terror estadunidense original da Netflix que foi escrito por Jeremy Slater e dirigido por Adam Wingard (responsável por filmes como “V/H/S”, de 2012; “V/H/S/2”, de 2013; “Bruxa de Blair”, de 2016; entre outros mais). Baseado na série de mangá japonesa de mesmo nome, o material é da autoria de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata, que já havia gerado uma cultuada animação e alguns filmes em live-action japoneses. Bastante diferente de suas origens, a adaptação realizada pela Netflix chama a atenção dos espectadores de forma negativa.


Embora a ideia principal de “Death Note” seja de certo modo válida, sua exploração rasa se mostra desagradável. Há uma inversão dos conceitos do material de origem sobre o conhecimento, a maldade e a justiça. Enquanto na animação, Light é a materialização da maldade que ergue uma espécie de estandarte deturbado de justiça sobre todos aqueles que ele julga merecerem a morte, ao mesmo tempo em que Ryuk se mostra uma espécie de turista perdido na terra vivendo e aprendendo passivamente, sua adaptação em teoria até tem o seu valor. Sua abordagem é bastante diferenciada e original, como o formato cinematográfico inclusive requer. Porque o Light Turner de Nat Wolff é uma vítima de suas ambições, de sua pretensão e de suas desmedidas decisões, como Ryuk é ardiloso, falso e mais perigoso do que sua inspiração um dia o fez ser. O Caderno da Morte é mostrado quase como um artifício de entretenimento para Ryuk. Porém, o filme possui uma série de falhas grotescas, interpretações medíocres e eventos de pouca funcionalidade. Deixando a maior parte do material de origem de lado, esse novo olhar dessa produção não surpreende tanto quando é colocado os elementos narrativos escolhidos na balança. A interpretação de Nat Wolff é bem ruim ao ponto de afirmar que sua escolha para o papel principal é mais do que equivocada, seja por sua constrangedora reação diante do primeiro contato com Ryuk na sala de detenção ou pela completa falta de química que seu personagem detinha com seu par romântico. A presença de Keith Stanfield é uma incógnita que de alguma forma também é prejudicada pelo roteiro que não soube trabalhar seu personagem.

Sobretudo, o Ryuk de Willem Dafoe é sonora e visualmente genial, mas com um tempo de tela escasso para a tristeza da plateia. Os efeitos são compactos, mas presentes e funcionais a proposta do enredo. Reparem na releitura musical de “Como Uma Deusa”, da cantora brasileira Rosana em inglês. Uma verdadeira e inusitada escolha para a trilha sonora que diz muito sobre essa adaptação. É quase como um dane-se ao espectador. Assim sendo, “Death Note” que foi detonado pela crítica especializada e ridicularizado pelos fãs da série original, também se mostra como um mero e razoável passatempo como a maioria dos filmes produzidos e lançados pela Netflix ultimamente. A diferença é que este poderia ser a primeira obra cult da produtora, mas que foi desperdiçada por uma série de escolhas malfeitas.

Nota:  6/10

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Cartaz Alternativo: Fight Club, de David Fincher (1999)


Entre as alienadas regras e o projetado caos idealizado pelo personagem Tyler Durden, o cineasta americano David Fincher em parceria com Brad Pitt, Edward Norton e Helena Bonham Carter deixam no passado e para as o deslumbre das futuras gerações umas das obras cinematográficas mais controversas e influentes dos últimos vinte anos. Genial em vários sentidos, essa é uma obra que nascem para ser cult.   

sábado, 26 de agosto de 2017

Crítica: Um Dia Difícil | Um Filme de Kim Seong-hun (2014)


Quando o corrupto detetive Ko Gun-Soo (Lee Sun-kyun) se envolve em um acidente de carro a caminho do departamento polícia após uma rápida saída do velório de sua mãe, o atropelamento de um desconhecido vira sua vida de pernas para ar. Decidido a tentar encobrir o acidente se livrando do corpo da vítima, uma situação inesperada surge quando ele descobre que havia uma testemunha no local e que começa a chantageá-lo sobre o acontecido. “Um Dia Difícil” (A Hard Day, 2014) é uma produção sul-coreana de ação policial e suspense escrita e dirigida por Kim Seong-hun. Lançado no Festival de Cannes de 2014, onde foi recebido com impressões elogiosas, seu lançamento comercial modesto no ocidente não atendeu as expectativas que foram depositadas no produto. Embora o filme tenha obtido da crítica especializada boas impressões e vários prêmios em festivais, seu sucesso fora do mercado sul-coreano não foi instantaneamente favorável. Depois de uma onda de repercussão que o filme obteve entre espectadores que o conheciam e enalteciam suas qualidades, o verdadeiro reconhecimento do público veio posteriormente, quando dividiu a atenção do público ocidental equiparando bilheterias com blockbusters americanos de peso.


Carregado de humor negro, bastante suspense e alguma ação, “Um Dia Difícil” entra para um seleto grupo de filmes sul-coreanos imperdíveis, ainda que não memoráveis como de outros icônicos cineastas sul-coreanos. Com uma pegada mais leve e menos sanguinária do que a maioria das produções vindas de lá, o diretor e roteirista Kim Seong-hun entrega um filme ajustado ao propósito de prender a atenção do espectador. A violência ainda que presente, também é menos gráfica e mais conectada com o enredo. Se primeiramente o roteiro bem elaborado gera situações inteligentes na qual o protagonista se afunda cada vez mais, a condução de Seong-hun articula bem todo o estresse que o personagem de Lee Sun-kyun é submetido. A atmosfera tensa do personagem é bem impressa na película e funciona para o espectador. Quebrada apenas com toques de humor negro, a atmosfera tensa das circunstâncias é embalada por inteligentes reviravoltas e ótimas atuações do elenco principal. Tanto o desempenho sombrio de Cho Jin-woog, antagonista de Ko Gun-Soo, quanto atuação de Lee Sun-kyun são impressionantes.

Um Dia Difícil” não se passa necessariamente em um dia, mas sua duração de 111 minutos são um relâmpago na tela. Resultado de uma empreitada bem realizada, que mesmo que não seja ambiciosa funciona redondamente para quem gosta de filmes policiais diferentes do que o circuito estadunidense tem a oferecer. Sem heróis declarados, efeitos visuais revolucionários, protagonistas de nomes conhecidos e proporções épicas, “Um Dia Difícil” têm bastante potencial e um alcance que ultrapassa as fronteiras do Oriente e do Ocidente.

Nota:  8/10

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Crítica: Cães de Guerra | Um Filme de Todd Phillips (2016)


Miami, 2005. Quando dois amigos de infância, David Packouz (Milles Teller) e Efraim Diveroli (Johah Hill), agora com um pouco mais de 20 anos de idade descobrem a possibilidade de negociarem armas com o governo dos Estados Unidos, os dois descobrem uma oportunidade de lucrar muito com as guerras as quais seu país está envolvido. Durante a Guerra do Iraque, esses jovens passam a participar de pequenas licitações de contratos militares e começam a intermediar a venda de equipamento bélico para o governo. O negócio se mostrou muito lucrativo. Mas quando a dupla passa a ter problemas quando consegue um milionário contrato de US$ 300 milhões para armar o exército afegão, o chamado Contrato Afegão, seus métodos pouco transparentes de alcançar o sucesso são revelados, o que encerrou o meteórico e lucrativo negócio desses jovens. “Cães de Guerra” (War Dogs, 2016) é uma comédia dramática escrita por Stephen Chin e Todd Phillips. Dirigida também por Todd Phillips (responsável pela trilogia de “Se Beber, Não Case!”), essa produção é baseada em uma história real inspirada em um artigo de Guy Lawson publicado para a revista Rolling Stones. Com muito sarcasmo e boas passagens, o filme entrega uma boa dose de entretenimento através da trajetória desses dois jovens.


A história de “Cães de Guerra” é contada através da perspectiva de David Packouz, quando ainda exercia a função de massoterapeuta em Miami e se reconecta a uma antiga amizade de infância, o excêntrico Efraim Diverolli, que a pouco tempo havia se tornado um negociante de armas. David detalha seu ingresso na área do comércio de armas, sua meteórica ascensão e sua repentina queda. Sua história não chega a ser fascinante como a de Yuri Orlov, interpretado por Nicolas Cage em “Senhor das Armas” (2005), mas se mostra suficientemente interessante para prender a atenção do espectador. O filme ainda tem em seu elenco nomes como Kevin Pollak, Ana de Armas e Bradley Cooper em papéis secundários, mas é nos desvios de caráter de Jonah Hill e nos desdobramentos de Milles Teller que o filme se faz atraente. Com ótimas interpretações por parte do elenco principal, passagens de humor bastante funcionais e com alguns toques de dramaticidade razoável, “Cães de Guerra” até se mostra um filme mais sério do que se poderia imaginar considerando os nomes que compõem o elenco e está na direção. Todd Phillips equilibra bem o drama e a comédia que envolve seu produto, que dividido no que parece ser capítulos, a montagem se usa de ideias comuns do cinema como introdução (a cena inicial volta ser utilizada a certa altura da trama, mas com a compreensão do espectador).

Cães de Guerra” é inegavelmente interessante. Uma história de sucesso instável que ao contrário de seus protagonistas, que acabou nos levando a algum lugar. Sem críticas oportunistas, mas com algumas reflexões válidas, o filme declara em seu desfecho algumas conclusões inesperadas onde, por exemplo, o Congresso Americano chegou a chamar o Contrato do Afeganistão um caso de estudo para tudo o que há de errado nos processos de licitação do governo. Era inconcebível que dois jovens conseguiram vender armas para o Pentágono. Se mesmo que Todd Phillips possa ter criado um percentual significativo do material visto em “Cães de Guerra” com sua imaginação cinematográfica, o fato é que os dois tiveram mais sucesso na vida do que um dia David Packouz sonhou ter. Por isso, não é de se espantar que o governo americano ficasse surpreso.

Nota:  7/10

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Crítica: Bekas: Para o Alto e Avante | Um Filme de Karzan Kader (2012)


No inicio da década de 90, o Iraque, mais precisamente o território curdo se mostra uma terra difícil para se sobreviver. Nesse ambiente inóspito, os irmãos Zana e Dana, dois órfãos que vivem nas ruas da cidade e as margens da sociedade vislumbram na imagem do Superman a sua derradeira salvação. Decididos a viajar para a América para encontrar o super-herói para pedir ajuda sem a devida noção das dificuldades, os dois se desdobram numa odisséia pelo território iraquiano e suas fronteiras para viajar para os Estados Unidos. Enquanto o mais velho tenta traçar ao seu modo um plano sensato para esse feito, onde julga necessário ter transporte, passaporte e dinheiro para a viagem, o mais novo fantasia com o dia que o Superman virá ao Iraque para deter e punir Saddam Hussein e finalmente fazer a necessária justiça que seu povo necessita. “Bekas: Para o Alto e Avante” (Bekas, 2012) é um drama iraquiano escrito e dirigido por Karzan Kader (responsável pelo filme “A Última Hora”, de 2010). Aqui em seu segundo longa-metragem, Kader entrega um filme simples, inocente e de grande alcance. A sua inocente história possui uma alma universal, motivações válidas e contornos de fantasia deslumbrantes. Inspirado em um curta-metragem seu de mesmo nome e que recebeu vários prêmios, Karzan Kader se motiva a estendê-lo para algo mais extenso.

Bekas: Para o Alto e Avante” tem a forma e a essência de uma fábula. Uma fábula criada pela imaginação de duas crianças que ficaram órfãs e veem na figura do Superman a única solução para punir o homem que levou seus pais. Tanto que o filme se passa historicamente no período no qual Saddam Hussein mais perseguiu os curdos. A dupla de jovens protagonistas que nos conduzem numa espécie de road movie iraquiano, nos leva a vários cantos do Iraque. O espectador vai tendo aos poucos a noção do ambiente hostil que prevalece na região, mas sob um olhar que lança uma visão mais poética sob as condições da pobreza e miséria que assolam uma parcela grande da sociedade. Entre correrias e gritos, a agitação dos garotos nos apresenta suas dificuldades para sobreviver, suas motivações para a missão e suas perspectivas de futuro. Porém o enredo que é carregado de lições e mensagens válidas que enriquecem a trama de diferentes formas (o poder da família diante de adversidades talvez seja uma das lições mais relevantes impressas no enredo) as ideias são um pouco prejudicadas pelo ritmo agitado que expressam certo descontrole de câmera e montagem. Como os diálogos proferidos pelo elenco mirim, principalmente os de Zana, que são dados ao espectador em constantes berros vão sendo depois de algum tempo um desnecessário incômodo de fácil solução e que não atrapalhariam a autenticidade do produto.

Sobretudo, “Bekas: Para o Alto e Avante” é uma história de superação divertida de ser acompanhada e que é capaz de despertar alguma admiração sobre a figura dessas duas crianças que resistem bravamente em um ambiente que lhe pouco os favorecem, mesmo sendo crianças. Sensível, sensato e inspirador, a jornada dos dois garotos não encanta pela expectativa da chegada ao destino que eles a almejam, mas dos valores humanos que eles agregam pelo caminho. O que para todos os efeitos, é muito mais importante.

Nota:  7/10 
   

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Crítica: Jogo do Dinheiro | Um Filme de Jodie Foster (2016)


Lee Gates (George Clooney) é um descontraído apresentador de um programa de televisão que dá dicas de investimentos da bolsa de valores para seus espectadores. Mas quando durante uma transmissão do programa ao vivo, o estúdio é invadido por um intruso armado chamado Kyle (Jack O’Connell), que faz Gates e toda a sua equipe de refém, nada do que consta no roteiro daquele dia será seguido. Kyle recentemente perdeu todas as suas economias devido a uma dica dada por Gates e quer tomar satisfação dos responsáveis de sua ruina.  Aproveitando as circunstâncias do imprevisto, a diretora do programa, Patty Fenn (Julia Roberts) vai transmitindo tudo o que acontece em tempo real nesse cenário onde a audiência do programa cresce de acordo com a tensão dos acontecimentos. “Jogo do Dinheiro” (Money Monster, 2016) é um thriller de suspense estadunidense escrito por Alan Di Fiore, Jim Kouf e Jamie Lindem, e dirigido por Jodie Foster. Famosa por seus trabalhos como atriz em filmes como “Taxi Driver” (1976), “Silencio dos Inocentes” (1991), “Deus da Carnificina” (2011), entre muitos outros mais; ela também já dirigiu alguns episódios piloto para seriados e uns poucos longa-metragens de pouca expressividade. Curiosamente seu mais recente trabalho como diretora surpreende por aproveitar bem suas poucas qualidades.

De premissa sensacionalista e desenvolvimento bem ajustado ao propósito de prender a atenção do espectador do começo ao fim, “Jogo do Dinheiro” articula bem suas pretensões críticas com boas performances do elenco principal. George Clooney, Julia Roberts e Jack O’Connell se mostram ótimas escolhas de elenco que se adequam bem ao enredo que busca emplacar reviravoltas expressivas num contexto de ideias contemporâneo. Simplificando ao máximo os aspectos técnicos de um investimento na bolsa de valores, o roteiro lança uma crítica interessante sobre a posição de impotência em que investidores comuns estão diante da complexidade do confuso universo do mercado financeiro. Esses investidores estão às vezes sendo reféns de ações administrativas irresponsáveis e muitas vezes gananciosas sem ter direitos realmente válidos além do poder de venda antecipado antes de um inevitável prejuízo. O mercado se mostra cruel de formas diferentes. Isso é um ponto positivo para o filme. A forma como a importância do investidor está no necessário depósito, porém numa possível queda, seu direito a explicações são irrelevantes é genial. Mas o roteiro se eleva a outro patamar quando ainda mescla uma crítica aos critérios utilizados por emissoras na cobertura de eventos extraordinários. E principalmente a manipulação da cobertura, em sua forma ou substância. A forma como o extraordinário é imprescindível no momento, mas cai numa transição de banalização é curioso.

Jogo do Dinheiro” articula bem os complexos desdobramentos da trama, que transmitidos em tempo real, tanto Fenn quanto Gates precisam encontrar uma maneira de se manterem vivos enquanto algumas verdades escondidas não são descobertas. Desde o surgimento de Kyle na tela a certa altura do primeiro ato, o tom de urgência e tensão é implantado com um nível de eficiência moderado, mas sempre presente nas entrelinhas. Trata-se de um bom filme, acessível e pretensioso de uma forma agradável pelas interpretações do elenco principal. Talvez um dos melhores filmes já realizados por Jodie Foster. Mas é claro, atrás das câmeras.

Nota:  7/10

domingo, 20 de agosto de 2017

Jerry Lewis (1926-2017)

Morre aos 91 anos, um dos maiores comediantes da história. Uma lenda!

sábado, 19 de agosto de 2017

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Crítica: Deus Branco | Um Filme de Kornél Mundruczó (2014)


Lili (Zsófia Psotta) é uma jovem estudante que é obrigada a passar algum tempo morando com seu pai, Dániel (Sándor Zsótér) em um apartamento. Para sua companhia, Lili leva seu devoto cão de estimação chamado Hagen. Porém, a presença do cão torna-se uma intransigência para a permanência da filha, assim Dániel abandona a própria sorte o animal numa movimentada rua. No entanto o cão se mostra determinado a reencontrar a menina após uma série de abusos e atrai para si um grande número de cães de rua que iniciam uma revolução contra a opressiva raça humana. “Deus Branco” (White God; Fehér isten, 2014) é um produção dramática húngara escrita por Kornél Mundruczó, Viktória Petrányi e Kata Wéber. Dirigido por Kornél Mundruczó, o filme foi levemente inspirado no romance Desonra, do sul-africano J.M. Coetzee. O filme ganhou um lugar de destaque após estrear no Festival de Cannes 2014, sendo selecionado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2015, mas não obteve êxito e acabou não sendo indicado. Premiado em Cannes com o Palme Dog (uma espécie de Oscar que é concedido a filmes, pelo desempenho de interpretação de cães verdadeiros ou digitalizados), essa produção reinventa os conhecidos filmes de cachorro e apresenta um material recheado de cenas de ação com toques de substância inesperada nas entrelinhas.

Deus Branco” é entre várias coisas, uma impressionante metáfora sobre racismo e xenofobia contada de uma forma bastante original. Essa premissa familiar na qual uma minoria sofre com o preconceito de uma raça dominadora é levada a tela de uma forma diferente. Sendo que curiosamente o conceito de “raça” é levado ao pé da letra pela narrativa, o diretor Kornél Mundruczó trabalha bem a ideia. Isso porque nesse caso, o conceito de raça dessa produção é focado em um cão, mestiço, refém do domínio humano e sem poder sobre sua condição. Dividido em três atos, o filme começa leve e é elevado a um nível dramático deslumbrante. Por fim, o seu terceiro ato é mais brutal e apavorante. Se o filme começa com os contornos de uma aventura ao estilo de “Lassie”, o filme termina nos moldes de “Os Pássaros”, de Alfred Hitchcock. Sem a interferência de recursos digitais, os animais que transitam por todo filme são todos animais reais coordenados por adestradores. A cena mais impressionante, que inclusive se apresenta duas vezes no filme, é a cena de abertura onde a cidade está com suas ruas desertas devido a repercussão que o enredo objetiva atingir, apenas Lili montada sobre uma bicicleta é confrontada com uma gigantesca matilha de cães descontrolados. É poesia, requinte visual e muita substância no mesmo filme.

Distante de se encaixar no estilo de filmes de Sessão da Tarde, “Deus Branco” surpreende pelas qualidades de sua proposta que é desafiadora de ser realizada. Além de criar uma construção de personagens válida para o elenco humano do filme, também confere passagens marcantes para os animais que transitam pela tela. A revolta dos animais talvez não seja dotada de realismo, mas funciona para dar a mensagem ao espectador. Embora haja uma incógnita, presente em seu título, que não consegui entender ou associa-la a algo claro. Provavelmente só faça sentido na Hungria.

Nota:  7,5/10