quarta-feira, 29 de junho de 2016

Crítica: A Mulher de Preto | Um Filme de James Watkins (2012)


Arthur Kipps (Daniel Radcliffe) é um jovem advogado londrino que está sob muita pressão no trabalho. Viúvo desde o nascimento de seu filho, sua esposa, Stella (Sophie Stuckey) morreu no parto. Forçado a deixar seu filho aos completos cuidados da babá por alguns dias, ele viaja para uma pequena vila de Crythin Gifford para tratar dos assuntos da propriedade de um cliente da empresa em que trabalha e que recentemente faleceu e é dono de Eel Marsh House, uma casa supostamente mal assombrada. E chegando a arrepiante mansão, Kipps descobre uma série de segredos obscuros do passado dessa propriedade, da cidade e de seus antigos moradores onde todas as pistas o levam a vislumbrar uma aterrorizante Mulher de Preto. “A Mulher de Preto” (The Woman in Black, 2012) é um suspense de terror sobrenatural produzido no Reino Unido, escrito por Jane Goldman e dirigido por James Watkins. Baseado em um romance de Susan Hill, essa produção marca a estreia de cinema de Daniel Radcliffe após o término da franquia juvenil de sucesso chamada Harry Potter. Melhorado em alguns aspectos, essa refilmagem de um longa-metragem de 1989 tem como qualidade um visual impressionante, uma atmosfera sinistra e boas atuações por parte de todo o elenco, mas peca numa matéria primordial. Basta vermos alguns minutos de seu trabalho para constatar que o diretor James Watkins fez o dever de casa para a realização desse trabalho, mas obviamente não era o mais prodígio de sua turma para sanar os problemas de um roteiro ligeiramente decepcionante.

Tecnicamente impecável, seja em sua direção de arte ou na de fotografia, “A Mulher de Preto” tem um desenvolvimento bem nivelado que combina com talento uma série de qualidades válidas para um bom terror soft. Utiliza-se de uma variedade de soluções versáteis (a atmosfera é delirantemente sombria, a montagem é esperta e os sustos agradavelmente inesperados) para prender a atenção do espectador. A trama montada como um quebra-cabeça policial que nos leva a todas as respostas necessárias para a compreensão dos acontecimentos soa ligeiramente inteligente, embora de algumas passagens forçadas, mas também é arruinada por um “final surpresa” de pouco impacto e até mesmo arriscado para o conjunto. Assim, o bom elenco com nomes como Daniel Radcliffe, Ciaran Hinds (com quem Radcliffe trabalhou em “Harry Potter e as Relíquias da Morte), Janet McTeer e Liz White apenas cumprem com seu papel e se arrepiam para conferir crédito à lógica do enredo. “A Mulher de Preto” é um filme soberbo em quesitos técnicos, como as locações fascinantes (a mansão e tudo que a rodeia é incrível) são de deixar o espectador boquiaberto. Mas carece de força para ser realmente memorável. Em 2015 foi lançada uma sequência de inferior qualidade que provavelmente enterrou por definitivo as atividades sobrenaturais da Mulher de Preto.

Nota:  6/10
  

domingo, 26 de junho de 2016

Crítica: Voando Alto | Um Filme de Dexter Fletcher (2016)


Essa é a história real do primeiro e maior saltador de esqui da Grã-Bretanha.  Decidido a ser um atleta olímpico desde criança, Eddie Edwards (Taron Egerton), também conhecido por Eddie – A Águia, não desistiu de seu sonho pelas inúmeras dificuldades físicas e financeiras que lhe foram impostas pela vida. O desejo de realizar seu sonho falou mais alto. Para conseguir uma vaga nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1988, sediado no Canada, ele conta com a ajuda de Bronson Peary (Hugh Jackman), um ex-atleta desse mesmo esporte que no passado desistiu dos seus sonhos e encontra nas convicções de Eddie a chance de fazer as pazes com seu passado. “Voando Alto” (Eddie The Eagle, 2016) é uma comédia-dramática que acompanha a trajetória e as façanhas inspiradoras de Michael Edwards. Inglês, Edwards veio de um dos subúrbios de Londres e tinha o sonho de ser um atleta olímpico desde criança, e isso independente da modalidade. Seu grande objetivo era ir às olimpíadas. E se no inicio as olimpíadas tradicionais não podiam comportar o seu sonho, as de inverno conseguiram. Mas se as modalidades de ski tradicionais patrocinadas pelo comitê olímpico britânico não se mostravam muito gratos por sua determinação, extremamente preconceituosos com sua postura diante do esporte, foi no salto de ski onde ele fez história.

Voando Alto” tem uma combinação sólida de elementos vitais para alçar essa produção a um sucesso de público. Sua combinação de boas atuações, onde Taron Egerton não decepciona em seu desempenho (mesmo que à experiência de Hugh Jackman não tenha acrescido muito mais ao filme que seu próprio nome nos créditos); estrutura simples que recria toda a atmosfera oitentista com competência e detalhes (seja no visual ou na trilha sonora genial); e uma história de grande força de alguém obstinado a alcançar a realização de um sonho teoricamente impossível, tudo nesse filme está voltado para ser um ótimo filme de Sessão da Tarde que intenciona inspirar o espectador. Divertido na medida certa e emocionante de forma influente, “Voando Alto” não decepciona como sugere fazer na primeira hora. O roteiro dos estreantes Sean Macaulay e Simon Kelton está repleto de clichês, isso é verdade, mas todos inofensivos para estragar a experiência do espectador. Entre várias mensagens no conjunto o enredo explora bem uma das mensagens propostas pela produção, na qual, mais do que ser o melhor no que você se propõe, é fazer o seu melhor independente das circunstâncias. A direção ajustada de Dexter Fletcher (um antigo ator de “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”, filme também produzido por Matthew Vaughn) que se mantem bastante focada na história em si contribui para isso. Se o tom da comédia não tem a eficiência desejada, onde as piadas não funcionam em sua totalidade, as ações e os dramas dos personagens ganham o coração do espectador na terceira parte. 

Assim sendo, muito da essência da história de Eddie Edwards se encontra em filmes como “Jamaica Abaixo de Zero”, de 1993 (um clássico de grande valor para esse gênero de filmes). Porém algumas soluções dadas pela produção para vida de Edwards soam excessivamente arquitetadas,  seja pelo roteiro ou pela direção de Dexter Fletcher, obviamente para funcionar de modo mais orgânico na película. Embora Voando Alto” seja atraente, isso não gera dúvidas, ele não tem a espontaneidade e a força do desfecho dada a história da primeira equipe olímpica de trenó da Jamaica (um esporte de inverno impossível de ser praticado num país tropical). Isso é certo. 

Nota:  7/10


sexta-feira, 24 de junho de 2016

Crítica: Rua Cloverfield 10 | Um Filme de Dan Trachtenberg (2016)


Depois de um estranho acidente de carro ocorrido numa escura rodovia, Michelle (Mary Elizabeth Winstead) que foi resgatada do acidente desacordada por fim acorda bem, mas inexplicavelmente confinada em um abrigo subterrâneo na companhia de dois homens completamente estranhos. Um deles é Howard (John Godman), um ex-militar e dono do abrigo no qual se encontram e que alega ter salvado sua vida de um ataque químico que contaminou toda a superfície e impossibilita a permanência da vida sobre ela; e o outro é Emmett (John Gallagher Jr.), um antigo funcionário de Howard que colaborou na construção do abrigo e não pensou duas vezes em buscar ajuda no bunker subterrâneo quando viu o eminente ataque. Mas mesmo com toda a segurança que o abrigo possibilita aos três indivíduos, Michelle se mostra inquieta em relação à proteção que lhe é oferecida. Mesmo com todo o conforto e a proteção, algo de errado está acontecendo ao seu redor. E ao longo dos dias no confinamento do abrigo surgem alguns mistérios em relação a Howard que instala um clima de hostilidade entre os três sobreviventes que se mostra tão perigoso quanto à situação lá fora. “Rua Cloverfield 10” (10 Cloverfield Lane, 2016) é thriller de suspense estadunidense escrito por várias mãos e que marca a direção de Dan Trachtenberg. Quando em 2007, J.J. Abrams produziu e Matt Reeves dirigiu uma surpreendente ficção catástrofe chamada de “Cloverfield – Monstro”, os olhos do mundo se voltaram a essa estilizada produção que recebeu inúmeros elogios da crítica especializada e do público. “Rua Cloverfield 10” não foi diferente. Essa produção não para de acumular congratulações.


Parente distante da produção de 2007, “Rua Cloverfield 10” não se assemelha em nada ao desenvolvimento do filme antecessor que hoje tem os nomes de J.J. Abrams e Matt Reeves na produção. Filmado de forma convencional, sem o recurso do found footage em sua narrativa (método de filmagem onde os próprios atores interpretam seus personagens com a câmera na mão), essa produção herda pouco do legado deixado pelo filme de 2007, apesar do crédito de seu título (o nome Cloverfield é um conveniente chamariz de antigos espectadores). Sobretudo, “Rua Cloverfield 10” é um trabalho paralelo, com qualidades e aspectos singulares que o diferenciam e até o melhoram em comparação. De premissa intrigante, perfeitamente explorada pelo roteiro de modo inteligente, seu desenvolvimento está repleto de reviravoltas extremamente funcionais ao projeto. Entre passagens de tensão e ansiedade surgem momentos inesperados de leveza quebrados por uma impactante reviravolta. Dan Trachtenberg se mostra habilidoso em orquestrar essas mudanças de tom, o que oportuna para o delírio da plateia brilhantes atuações por parte desse pequeno trio de atores que nos prendem tanto ao confinamento quanto a história em si. O filme dá pistas que oscilam entre o fundamento e a falsidade, faz revelações dosadas ao espectador e ainda consegue com muita funcionalidade pregar uma peça no público com a mesma ênfase que Mary Elizabeth Winstead é golpeada. Por essa e outras razões que “Rua Cloverfield 10” tem acumulado elogios, gerado um lucro muito superior ao seu orçamento e garantido a possibilidade de uma possível continuação futura (o que faz valer o gancho que é mostrado em seu desfecho).

Nota:  8/10

sábado, 18 de junho de 2016

Crítica: O Lobo de Wall Street | Um Filme de Martin Scorsese (2013)


Já não é de hoje que filmes biográficos estão na moda. E considerando o bom nivelamento dos filmes que vem sendo lançados nos últimos anos reconhecidamente visto em cerimônias de seletos festivais e premiações pelo mundo todo, isso demostra uma positiva tendência do cinema contemporâneo. Entre histórias de estimadas figuras públicas, pessoas revolucionárias de visão e trajetórias pessoais de superação que funcionam como uma forma de inspiração ao público, esse subgênero tem ganhado gradativamente um grande destaque em premiações de renome e ainda assim obtido um grande sucesso de público ao redor do mundo. Embora a maioria das histórias reais contadas no cinema são sobre figuras ou atitudes heroicas realizadas no passado por pessoas conhecidas ou publicamente anônimas, algumas outras cinebiografias são curiosamente sobre pessoas e ações menos nobres, mas em alguns casos igualmente fantásticas. Esse é o caso de “O Lobo de Wall Street” (The Wolf of Wall Street, 2013), uma produção dramática estadunidense inspirada na vida e nas memórias de Jordan Belfort. Baseado no livro de mesmo nome, o roteiro desse longa-metragem foi escrito por Terence Winter e dirigido por Martin Scorsese, onde acompanhamos a trajetória de ascensão e queda de um ambicioso corretor da bolsa de valores chamado Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) que se envolveu em série de crimes de fraude e corrupção em Wall Street na década de 90; e hoje dá palestras do tipo “faça o que eu digo, mas não faça o que eu fiz porque no final das contas você vai se dar mal”.

O Lobo de Wall Street” é alucinante e enlouquecido de uma forma positiva. Todas as excentricidades e exageros apresentados no desenvolvimento desse filme ganham um tom cômico consciente que é capaz de extrair do espectador um leque variado de reações diferentes das mesmas cenas. Na maioria das circunstâncias, as ações surreais protagonizadas por Leonardo DiCaprio e seus comparsas poderia facilmente causar desprezo, mas a câmera de Martin Scorsese retrata esse repugnante conto de ambição regado a drogas com um toque de comédia bem-humorada. A ultrajante trajetória de Jordan Belfort é tão revoltante quanto bizarra pela forma que é contada, e crer que essas jornadas de impunidades as quais eles passavam nunca encontrariam a devida punição é quase inacreditável. “O Lobo de Wall Street” pinta um quadro colorido e decadente do setor financeiro que é conduzido por membros imorais, gananciosos e sem escrúpulos. Scosese não faz concessões em mostrar tudo isso de forma tragicamente hilária. Mas isso em suma, não é um defeito para obra do cineasta, e sim uma grata qualidade que faz sua longa duração passar voando. Enquanto DiCaprio entrega um desempenho fantástico para sua carreira, Jonah Hill como seu sócio rouba várias cenas do astro e se mostra uma grande surpresa para um conjunto de grandes interpretações. 

O Lobo de Wall Street” concilia de modo equilibrado informação e entretenimento com um nível de qualidade impressionante que somente um cineasta como Martin Scorsese, com a bagagem de experiência que tem atrás das câmeras poderia imprimir a um trabalho tão louco quanto esse filme. De atmosfera estrategicamente bem elaborada, ótimas atuações e um desenvolvimento perfeitamente capaz de desencadear polêmica, o resultado desse longa-metragem é energizado pelo conjunto bem comprometido com a intenção de causar reflexão. Tudo que é mostrado na película não é a glorificação do absurdo, mas a apresentação da solidez do sensato.

Nota:  8,5/10

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Crítica: Um Santo Vizinho | Um Filme de Theodore Melfi (2014)


A pacata vida de Vincent (Bill Murray) está prestes a mudar com a chegada de seus novos vizinhos. Sua rotina de má-educação, bebedeiras e pequenas trapaças estão prestes a sofrer a interferência após a chegada da atribulada Maggie (Melissa McCarthy), uma mulher recém-separada e seu filho, Oliver (Jaeden Lieberher), um espirituoso menino que se mudam para a casa ao lado. Ainda em fase de adaptação em relação à separação, Maggie vê na figura de Vincent a possibilidade dele cuidar do garoto enquanto ela está no trabalho, embora não seja a pessoa mais indicada para a tarefa. E nessa arriscada união entre Vincent e Oliver surge uma forte amizade, onde o velho Vincent irá aprender tanto quanto o jovem Oliver que a santificação pode ser dedicada, como também encontrada até nos mais improváveis dos homens. “Um Santo Vizinho” (St. Vincent, 2014) é uma comédia dramática escrita e dirigida por Theodore Melfi. Estrelada pelo veterano e carismático da comédia Bill Murray (que já levou seu nome a icônicas comédias de décadas passadas) e pela a atriz em ascensão Melissa McCarthy (que tem enfileirado alguns sucessos divertidíssimos), há outros nomes de respeito e talento no elenco de apoio como Naomi Watts, Chris O´Dowd e Jaeden Lieberher que enriquecem o delicado resultado dessa singela história de amizade de pessoas tão diferentes.

Um Santo Vizinho” não se difere de uma infinidade de dramédias já lançadas até hoje. Se alça sobre uma história simplista, se arma de um punhado de clichês marcados pontualmente, se apresenta ligeiramente de modo previsível e se mantem em destaque através do talento e carisma de seu elenco principal. Mas o trabalho de Theodore Melfi em relação a “Um Santo Vizinho” é marcado de tanta dedicação que é impossível não se agradar com o resultado. Com um trabalho de câmera competente, montagem bem elaborada e uma trilha sonora envolvente, essa produção transborda irreverencia que lhe confere um gracioso envolvimento do espectador com a trajetória de seus personagens. É difícil imaginar que a figura de um velho rabugento, que bebe compulsivamente, fuma sem moderação, aposta em corridas de cavalo, aprecia o sexo com uma prostituta, seja capaz de ter uma boa índole no final das contas. Mas tem sim, e o roteiro de Theodore Melfi não somente combina com habilidade esse inesperado aspecto de seu caráter, como consegue conferir uma carga dramática expressiva ao enredo, com pequenas doses de sentimentalismo e brilhantemente suavizado com boas passagens de comédia. E se Bill Murray é o grande nome do elenco, que obviamente se destaca com facilidade, também é certo dizer que a atuação do jovem Jaeden Lieberher não faz feio diante do experiente ator que protagoniza ótimas passagens.

Um Santo Vizinho” é um filme divertido, dono de uma mensagem válida que cresce aos poucos no enredo e é apresentada de forma competente do começo ao fim. Curiosamente termina com um Bill Murray dividindo a tela com os créditos finais, apenas sendo Bill Murray como nos velhos tempos. Memorável sem querer ser.

Nota:  7,5/10   
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quinta-feira, 9 de junho de 2016

Grzegorz Domaradzki: Ilustrator. Designer gráfico. Artista.

I Am Gabz: Grzegorz Domaradzki


Seus cartazes alternativos de grandes clássicos do cinema são pura inspiração. Vale conferir a excelência de seu trabalho.  

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Crítica: O Enigma da Pirâmide | Um Filme de Barry Levinson (1985)


Londres, 1870. Enquanto várias pessoas andam cometendo inesperados suicídios ocasionados por inexplicáveis alucinações, os dois jovens, o aplicado Sherlock Holmes (Nicholas Rowe), um esforçado estudante de habilidades dedutivas bastante apuradas e John Watson (Alan Cox), um aluno de medicina recém-admitido na escola e mais novo amigo de Holmes inicia uma duradora amizade. Mas ao mesmo tempo algo de estranho ronda essas mortes que intrigam Holmes e os leva a uma perigosa aventura que revela uma sombria conspiração que age secretamente para assassinar importantes membros da comunidade britânica. “O Enigma da Pirâmide” (Young Sherlock Holmes, 1985) é uma audaciosa aventura de cinema produzida pela Amblin Entertainment e Industrial Light & Magic (onde ambas as empresas são de propriedade de Steven Spielberg) e foi escrita por Chris Columbus e dirigida por Barry Levinson. Trata-se de um filme de roteiro totalmente original sobre o personagem Sherlock Holmes, sem conexão com a obra original de Arthur C. Doyle. Aproveitando a lacuna deixada por Doyle, o roteirista Chris Columbus (que posteriormente tornou-se um grande cineasta de Hollywood também), criou o encontro dessa icônica dupla de personagens que as obras originais de Doyle não abordavam. De aparência datada, desenvolvimento simplista e de uma rara capacidade de causar empatia no espectador, esse pequeno conto dos primeiros passos de Sherolck Holmes nas grandes aventuras se mostra uma experiência válida a exploradores de aventuras oitentistas ou a nostálgicos cinéfilos.

Mesmo com um percentual expressivo de problemas, “O Enigma da Pirâmide” tem a sua magia exibida de uma forma bastante particular. Mais interessante no seu propósito inicial, o de abordar o encontro inicial de uma intensa parceria, do que no seu desenvolvimento raso de trama e montagem, o filme funciona como uma obra interessante de entretenimento nostálgico.  Ainda que essa produção não tenha o peso e a relevância de outras aventuras dos anos 80, como as protagonizadas por Indiana Jones, ou o valor de filmes como “Os Goonies”, os quais todos tinham o envolvimento de Steven Spielberg na produção, “O Enigma da Pirâmide” envelheceu bem. Brilhantemente protagonizado por Nicholas Rowe, seu Sherlock juvenil é a melhor coisa dessa produção. Sua atuação é de uma simpatia cativante e bastante convincente para o personagem, onde Barry Levinson consegue combinar muito bem várias nuances presentes nas obras originais (o chapéu, o cachimbo e o fato que ocasionou para que Sherlock Holmes nunca viesse a se casar) onde tudo está reunido e sutilmente distribuído nessa pretensa inicialização ao mundo das investigações extraordinárias. Embora a trama não seja um primor de costura, debilitada já em sua base, a atmosfera criada para o filme é bastante funcional e gera bons momentos de drama e humor. O filme foi ganhador do Oscar de Melhor Filme de Efeitos Visuais em 1986, ao apresentar os primeiros toques de cenas digitalizadas em um longa-metragem. Por fim, “O Enigma da Pirâmide” é uma aventura divertida, naturalmente descompromissada como qualquer filme de Sessão da Tarde. Mas isso não é defeito, apenas uma particularidade.

Nota:  7/10
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