domingo, 8 de março de 2015

Boyhood – Da persistência à genialidade


Alguns poucos filmes tem nos seus bastidores o seu maior brilho. Isso porque eles detêm aspectos muito singulares e ocultos em alguma etapa do complexo processo de materialização, que em muitos casos, e eu digo até na maioria deles, até superam o resultado do longa-metragem propriamente. “Boyhood – Da Infancia à Juventude” (Boyhood, 2014) é uma produção dramática dirigida por Richard Linklater (que dentre várias indicações foi premiada com o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Patricia Arquette) talvez mescle com naturalidade as fascinantes curiosidades que ficaram na memória de uma produção com um filme sensível e equiparavelmente fascinante. O longa conta a história de um casal de pais divorciados que procuram criar seu filho. A trama segue todas as etapas do crescimento do jovem, que se inicia aos seus 6 anos, e se estende até os 18 anos (o papel é interpretado pelo mesmo ator em todas as etapas sem o uso de atores sobressalentes para denotar o inevitável crescimento ou efeitos de maquiagem e visuais), analisando de modo aprofundado o seu relacionamento com os pais à medida que ele cresce.

Esse longa-metragem ganhou grande notoriedade em vários círculos cinéfilos em função do fato de ter levado surpreendente tempo de 12 anos para ser concluído, tornando-se uma das produções mais longas da história do cinema. Com as filmagens iniciadas em julho de 2002, as filmagens foram realmente finalizadas em outubro de 2013. Embora tenha levado exatos 39 dias para ser filmado, onde que Richard Linklater capta de modo fantástico as nuances do cotidiano de uma simples família com pais separados (tendo sido feito estratégicas mudanças no roteiro ao longo dos anos), a produção têm no total 4200 dias de filmagens. Talvez o nível de comprometimento do elenco seja único com seu realizador, já que as mudanças físicas de atores como Ethan Hawke e Patricia Arquette soem mais sutis, a de Ellar Cortrane é gritante e genial dentro da proposta do longa-metragem. Em resumo, “Boyhood – Da Infancia à Juventude” é um pequeno filme de proporções, mas grandioso em seu resultado pela audaciosa forma que foi criado. Sobretudo, fascinante em outros aspectos mais difíceis de ser captado com a devida intensidade na tela. Um desafio logístico superado pela perseverança de seu realizador e pelo comprometimento dos envolvidos. 

6 comentários:

  1. quero muito ver esse filme. beijos, pedrita

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    1. Tenho certeza que você vai gostar. Desejo um bom programa.

      abraço

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  2. É a primeira resenha que vejo para o filme. Já estava com vontade com vê-lo. Agora, ainda mais. 12 anos? Poxa...
    Abraços!!

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    1. Trata-se de um aspecto curioso em volta do filme. Em "O Náufrago", o diretor Robert Zemeckis fez as primeiras cenas do longa com Tom Hanks gordo e saudável, e cerca de um ano depois de uma dieta severa , o diretor filmou as cenas que contrastavam o as circunstâncias do enredo. Só assim para atingir um resultado crível como o desejado. Trata-se de outro filme genial que adoro.

      abraço

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  3. O diretor, os atores e a produção estão de parabéns por esse filme.

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    1. Estão mesmo. Adorei o filme, mas essa curiosidade de bastidor foi o que mais me chamou a atenção.

      abraço

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