terça-feira, 16 de setembro de 2014

Crítica: Desafiando os Limites | Um Filme de Roger Donaldson (2005)


Após Herbert (Burt) James Munro (Anthony Hopkins) passar quase 20 anos modificado sua motocicleta Indian Scout de 1920, na Nova Zelândia, ele embarca rumo aos Estados Unidos da América decidido a realizar um sonho: bater o recorde mundial de velocidade com motocicletas de motores até mil cilindradas. Com uma inimaginável determinação, perseverança e com um toque de irreverência, James Munro viaja para competir com sua moto nas planícies de sal de Bonneville, no estado do Utah durante a década de 60. E contra todas as expectativas acaba fazendo uma história de vida repleta de recordes que inspiram os mais diferentes esportistas do mundo inteiro. “Desafiando os Limites” (The World’s Fastest Indian, 2005) é um inspirado drama biográfico escrito e dirigido por Roger Donaldson (O Novato, 2003), que retrata a difícil jornada percorrida pelo neozelandês Herbert (Burt) James Munro (1899-1978) para alcançar por fim seus recordes de velocidade (Munro bateu três recordes de velocidade como motociclista, sendo que um deles permanece seu até hoje). Em suma, a surpreendente mistura de emoção e motocicletas faz desse longa-metragem uma retratação de um homem simples e espirituoso em busca de um sonho. Realizado com competência, Roger Donaldson entrega um conto charmoso que emociona sem ser piegas, e baseado em fatos reais, funciona como uma verdadeira ferramenta de comoção até para quem jamais teve carisma pelo motociclismo.


E se “Desafiando os Limites” é cercado de qualidades, muito se deve a presença do astro Anthony Hopkins na produção, ainda que certas curiosidades em volta da figura histórica de Munro já tenham o seu brilho independente. Numa atuação genial, Hopkins equilibra com habilidade o peso dramático de seu personagem com o tom cômico de suas perspectivas para alcançar o sucesso (pneus dilacerados e camuflados com graxa de sapato são justificados com um raciocínio lógico que somente fazia sentido para Burt Munro), fazendo de sua interpretação um agradável investimento de tempo. Roger Donaldson capta com clareza e simplicidade a alma de um homem transparente e verdadeiro como era de ser. O filme, bem ambientado com um ritmo discreto de cinema independente e doses de emoção que pode pegar de surpresa alguns espectadores, Donaldson entrega uma jornada onde Munro cruza com outros personagens incríveis movidos a certa altura por sua busca. Se “Desafiando os Limites” é iniciado com a premissa de um homem comum em busca de um sonho, ele termina surpreendentemente com um aspecto vital para se conseguir o sucesso. Dentre todas as virtudes necessárias para se tornar um vencedor, o trabalho de Roger Donaldson enfatiza através de pequenas nuances que determinação e perseverança fazem expressivamente frente a outros inúmeros recursos artificiais supervalorizados. Esse longa-metragem é merecedor de ser descoberto, sejam pelas apaixonadas façanhas de Burt Munro pela modalidade esportiva a qual dedicou grande parte de sua vida, embora jamais a tenha adotado como profissional ou pelo trabalho de Anthony Hopkins em materializa-lo com uma peculiar sinceridade. Enfim um filme bastante elogiável.

Nota: 7,5/10


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