Estamos na Inglaterra e um grupo teatral chamado “O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus” vaga pelas ruas de Londres na clandestinidade em busca de público para suas apresentações itinerantes. O grupo comandado pelo beberão imortal Doutor Parnassus (Christopher Plummer), além do mágico de truques baratos Anton (Andrew Garfield), pelo anão e eterno amigo do doutor, Percy (Verne Troyer) e por sua linda filha, Valentina (Lili Cole), a companhia oferece ao público um espetáculo diferenciado. O espetáculo é capaz de levar o espectador através de um espelho mágico a um mundo fantástico e inexplorado da imaginação ligado à mente do Doutor Parnassus, no qual esse show surgiu, como a imortalidade do Doutor, de um pacto com o Diabo no qual o pagamento seria a alma de sua filha quando completasse 16 anos. E com essa data se aproximando, o Diabo (Tom Waits) volta para cobrar a dívida. Com a certeza que iria perder sua filha, esperançoso Parnassus realiza uma nova aposta: quem conseguir seduzir primeiro a alma de cinco pessoas terá posse de Valentina. E quando as coisas iam mal, surge o aparentemente desmemoriado Anthony “Tony” Shepherd (Heath Ledger), para ajudar Parnassus a salvar Valentina. “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus” (The Imaginarium of Doctor Parnassus, 2009) é um longa-metragem independente de fantasia dirigido pelo lendário cineasta Terry Gilliam (responsável por “Brazil” (1985), “12 Macacos” (1995), “Medo e Delírio” (1998), “Os Irmãos Grimm” (2005), entre outras produções). Com uma narrativa gritantemente nonsense, Gilliam, um dos sobreviventes do icônico “Monty Phyton” (1975) cria um trabalho repleto de simbolismos visuais delirantes materializados nos sonhos que deve ser lembrado não apenas sendo a última performance de Heath Ledger em vida, mas como uma divertida fantasia para adultos, diferente do que a maioria das pessoas estão habituadas a ver.
“O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus” estreou no Festival de Cannes de 2009 fora da competição, e depois participou em vários outros festivais pelo mundo. Concorreu ao Oscar 2010 nas categorias de Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino, aos quais não abocanhou nenhum deles. Como homenagem ao falecido ator, Gilliam alterou os créditos do filme de “Um Filme de Terry Gillian” para “Um Filme dos Amigos de Heath Ledger”. Em resumo, essa produção tem o seu charme desde que o espectador o veja com olhos e cabeça aberta. Querendo ou não, trata-se de uma fábula direcionada a um público maduro que nem sempre vê essas produções como as mais atraentes, ainda que tenha uma perspectiva bem criativa sobre escolhas e sonhos adiados com sutil toque crítico.
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