quinta-feira, 10 de abril de 2014

Crítica: Ender’s Game - O Jogo do Exterminador | Um Filme de Gavin Hood (2013)


Adaptado do premiado romance de ficção científica de Orson Scott Card, o longa-metragem “Ender’s Game - O Jogo do Exterminador” (Ender’s Game, 2013) teve sua estreia sobrecarregada de expectativas por parte de fãs da obra. Isso porque após anos de especulação sobre sua materialização na película, junto com as expectativas vinha uma consequente dúvida de que os desafios de expor na tela às qualidades literárias da obra, não seriam possíveis serem traspostas para um filme de modo que não soasse forçado (o livro é um estudo genial de âmbito filosófico e psicológico sobre o caráter humano num ambiente futurístico militarizado também permeado de aspectos políticos embutidos). Pode-se dizer que Gavin Hood (X-Men Origens - Wolverine) conseguiu um nível razoável de sucesso em sua empreitada, ao conciliar as qualidades de sua inspiração em um produto de entretenimento de base sólida e bem ritmado. Em sua trama somos lançados a um futuro onde a humanidade quase foi devastada por uma invasão alienígena por seres extraterrestres denominados Formics. Após demasiados esforços, a ameaça alienígena foi contida e dizimada. Contudo governos se organizaram para treinar novos comandantes de esquadras, peças fundamentais numa estratégia de assegurar o futuro da humanidade numa próxima batalha. Assim acompanhamos o treinamento do jovem Ender (Asa Butterfield) um possível candidato a ser a salvação da raça humana diante de uma eminente guerra que a cada momento se aproxima mais. Na Escola de Combate é observado com atenção pelo experiente Coronel Graff (Harrison Ford), que a cada etapa do exaustivo treinamento, passa a ver em Ender não somente a salvação necessária, mais a única.

O livro de Orson Scott Card foi durante muito tempo leitura sugerida para acadêmicos de instituições militares dos Estados Unidos devido à importância de seu material (uma leitura que concilia lógica e ficção em um ambiente futurista que desafia a imaginação). Embora o universo criado por Card para seu livro seja bem íntimo e construído para seus leitores, e os que conferiram o resultado na película tornou-se familiar, o filme de Gavin Hood era certo que fosse causar no mínimo estranheza num espectador desavisado (jovens e adolescentes sendo submetidos a treinamento militar muitas vezes extremado passando por situações onde tomam decisões de vida e morte). A tarefa de condessar todo material impresso em um roteiro cinematográfico que justifique sua realização foi o primeiro desafio superado para o roteirista/diretor de “Ender’s Game - O Jogo do Exterminador”. A transição de sua base para o formato de cinema se mostra satisfatória. O filme tem sim, um aspecto apressado sem a profundidade política que demostra consequentemente claras concessões em sua estrutura, embora não sabote o desenvolvimento de forma gritante. Com uma estrutura narrativa onde o treinamento militar ressoe sobre o trabalho de Stanley Kubrick em “Nascidos para Matar”, no qual os jovens adolescentes sofrem o mesmo teor de cobrança e responsabilidade que soldados adultos são incumbidos, o elenco mirim confere credibilidade à produção. Talvez o aspecto mais positivo do trabalho de Gavin Hood, já que conduzir uma trama impulsionada por pequenos gênios militares com uma atmosfera séria não seria fácil. Entretanto, Asa Butterfield como seus demais colegas conseguem vender a proposta (seja na dramaticidade ou nas passagens que envolvem ação) com muita habilidade.

A cenografia, efeitos sonoros e visuais criada para esse longa se mostram interessantes mesmo sem apresentar um resultado que se tenha como inovador. Os jovens simplesmente transportam o espectador para seu campo de batalha virtual ou físico, com a devida emoção das circunstâncias de forma crível e sem exageros desnecessários. Em resumo, “Ender’s Game - O Jogo do Exterminador” é um filme divertido se o espectador comprar a sua difícil ideia na íntegra. Está anos luz distante de ser revolucionário em questões visuais, uma preocupação cada vez mais sumaria aos longas de ficção cientifica, ou até mesmo se tornar memorável no gênero no qual orbita. Sobretudo, o filme se mostra uma produção interessante que vale uma conferida.

Nota:  7/10

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