quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Crítica: O Plano Perfeito | Um Filme de Spike Lee (2006)


Dalton Russel (Clive Owen) é um misterioso assaltante de banco. Certo dia, ele e seus comparsas invadem um banco de Nova York fazendo funcionários e clientes de reféns, enquanto do lado de fora, o detetive Keith Frazier (Denzel Washington) atormentado por uma suspeita de corrupção levantada por um conturbado caso, fica responsável pelas negociações com os bandidos. Numa negociação complicada, o proprietário do banco (Christopher Plummer) passa a interferir nas negociações através da influência de Madeleine White (Jodie Foster), uma habilidosa solucionadora de problemas que fará de tudo para proteger os interesses de seu contratante, que esconde em um dos cofres particulares segredos que jamais poderiam vir à tona. Mas o que ela não imagina, é que esse não é apenas um simples roubo de banco como imaginado, e sim, um impressionante e inesperado acerto de contas com o passado. “O Plano Perfeito” (Inside Man, 2006) é um thriller policial estadunidense dirigido por Spike Lee. Escrito por Russel Gewirtz (As Duas Faces da Lei, 2008), essa produção apresenta uma trama minuciosamente elaborada, seja em seu planejamento ou em sua execução. Embora tenha a primeira vista uma aparência comercial semelhante a outros exemplares do gênero (um assalto a banco que dispensa tiroteios), essa produção demonstra aos poucos um desenvolvimento tenso e fascinante que o difere dos demais.

Com um roteiro inspirado que mexe alternadamente com assuntos delicados (pós 11 de setembro), uma trama repleta de reviravoltas interessantes e pontuais, Spike Lee confere a essa produção seu toque pessoal e entrega um longa que prende a atenção de modo genial. Primeiro pela composição interessante de personagens atribuída pelo elenco principal (cheio de talentos antenados com a proposta aqui oferecida), além de um elenco multicultural de apoio seguro de si. E depois, pela dinâmica reservada a todos eles para que possam mostrar porque estão envolvidos nesse projeto. Como de costume, Denzel Washington rouba a cena, mesmo que desta vez, tenha um antagonista cheio de regras e princípios a sua altura, materializado no personagem de Clive Owen, que rende ótimos diálogos e situações intrigantes. E as margens desses dois estão Jodie Foster e Christopher Plummer com atuações discretas e competentes, e que mesmo não estando envolvidos na ação do assalto, acabam revelando-se as maças podres do cesto. Com uma trilha sonora diferenciada e nuances ligadas a preconceito racial, esses aspectos enriquecem o argumento explicando indiretamente o envolvimento de Spike Lee nesse curioso projeto. “O Plano Perfeito” pode não ser impecável (a resolução do assalto é pouco provável em um ambiente real), mas se mostra muito melhor do que vários filmes do gênero.

Nota: 8/10

2 comentários:

  1. É um bom filme, Marcelo. Ao menos, Spike Lee sai um pouco daquele universo de bairro negro sucessivamente discursivos e que foram melhor retratados em filmes como Faça a Coisa Certa e Crooklyn (meu predileto). Dessa 'nova fase', vamos dizer, gosto mais de A Última Noite.

    Abs.

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    1. "A Última Noite" é um longa que não me agrada. E nem sei porque exatamente, já que sou muito fã do trabalho de Edward Norton, e ele se mantém em um gênero que aprecio muito. Meu santo não bateu com esse filme, e menos ainda com "Milagre em Santa Ana". Somente vi esse filme porque a sinopse se assemelhava com "Bastardos Inglórios" que tanto cultuo.

      abraço

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