sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Crítica: O Escritor Fantasma | Um Filme de Roman Polanski (2010)


Provido de elegância e conduzido com domínio, esse thriller político mostra toda a capacidade do cineasta Roman Polanski de criar obras cinematográficas aprofundadas em sua proposta. “O Escritor Fantasma” (The Ghost Writer, 2010) impressiona pela climatização eficiente do suspense sobre uma trama de conspiração política (que nas mãos erradas pode facilmente se reverter em um desastre) repleta de tramoias e jogos de aparências. Esse longa também chama a atenção pelo desempenho de um elenco de astros de poucos atrativos a um grande público, que se entregam a seus papéis de modo envolvente, fazendo dessa produção que sutilmente remete a lembrança do mestre Hitchcock, uma grande realização. Em sua trama acompanhamos Adam Lang (Pierce Brosnan) um ex-primeiro ministro britânico, que passa uma temporada nos Estados Unidos da América, onde se dedica a seu livro de memórias. Mas após a morte do responsável por destilar todo manuscrito em um livro (que morreu misteriosamente afogado), o papel de terminar o livro é conferido a outro escritor fantasma (Ewan McGregor). Assim residindo em uma luxuosa propriedade de Lang localizada em uma ilha isolada, ele passa a enriquecer o material sobre seu contratante. Tentando reaproveitar parte do material escrito pelo falecido, o escritor fantasma procura se aprofundar mais sobre detalhes em volta de Lang. E nessa busca por maiores informações sobre Lang, ele investiga o passado do político e começa a descobrir sobre um misterioso envolvimento dele com o governo americano em antigos conflitos ocorridos no Iraque. Para atrapalhar sua tarefa de escrever um livro biográfico fiel, entra em cena a esposa problemática de Lang (Olivia Williams) e uma leal secretária (Kim Cattrall) onde começa a ver que por trás de toda descrição há segredos ocultos que podem colocar sua vida em risco.


Baseado em um romance do cronista político e também escritor Robert Harris, o personagem de Adam Lang tem claros indícios de ter sido inspirado no ex-primeiro ministro Tony Blair. Harris indiretamente auxiliou Blair a se eleger, e decepcionou-se com seu envolvimento na Guerra do Iraque. Harris, co-autor da adaptação do livro junto a Roman Polanski, o filme exibe brilhantes diálogos e são o maior mérito desse longa. Com uma ambientação de suspense lento, e uma direção de fotografia que enriquece a película, Roman conduz sua trama de modo que apenas revela o necessário em forma de pequenas pistas, até entregar um grand finale ao espectador. Se muito do brilho dessa produção se encontra no roteiro consciente proposto por Roman, uma parcela considerável de aplausos devem ser reservados a escolha do elenco que materializou com muito talento as nuances em volta de seus personagens. Pierce Brosnam com seu político polido e cheio de aparências confere sintonia e credibilidade a essa produção, como também Ewan McGregor transpõe seu personagem, que entra em cena como um duvidoso funcionário obediente, e passa a investigador obstinado de forma natural. Tecnicamente impecável, desde o visual a trilha sonora de Alexander Desplat (de O Curioso Caso de Benjamin Button), sempre expressiva, essa produção está fascinante em vários aspetos. "O Escritor Fantasma" é um ótimo suspense, inteligente e de climatização soturna que aproveita bem esse enredo político onde nem tudo parece o que é, além de mesclar com maestria outro universo diferente (os bastidores do mundo literário) de modo interessante e esclarecido. 

Nota: 8/10


10 comentários:

  1. Hola!!! Acabamos de encontrar tu blog y te seguimos desde ahora :D Ojalá que también te guste nuestro espacio!

    Un abrazo muy fuerte de parte de los tres!! :)
    www.melodiasporescrito.com

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    1. Obrigado pela visita e saiba que o sentimento é recíproco.

      abraço

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  2. esse filme é bom demais. è como vc mesmo falou: Um dos melhores suspenses a la Hitchcock. Muitissimo bem construído.

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    1. Um desfecho fabuloso materializado em um pedaço de papel e numa trilha sonora fabulosa. Gosto do estilo...

      abraço

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  3. Gostaria de saber de quem sao as pinturas na ambientacao da casa na ilha ---obrigada----

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    1. Olá!
      Infelizmente não faço ideia. Mas se essa informação chegar a mim, dou feedback em resposta.

      abraço

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  4. Não é Roman Polanski em grande forma. Mas um bom filme. E o final faz tudo vale a pena (em especial nosso tempo empregado assistindo-lhe).

    Sua sinopse ficou muito boa.

    Abç!

    Ah, e, esses dias, já pensou e retirar o verificador de palavras do blog.

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    1. Não vou dizer que julgo necessário ainda te-lo. Mas o encaro como se fosse uma camisinha: "É melhor ter e não precisar usa-lo, do que o contrário". rsrsrs Obrigado por sua visita. E a propósito, parabéns pelo seu novo blog, o qual ainda preciso linkalo em breve.

      abraço

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