domingo, 1 de setembro de 2013

Crítica: Fúria de Titãs 2 | Um Filme de Jonathan Liebesman (2012)


Uma produção que adultera a história em função da franquia. Mesmo seguindo o estilo personalizado e monumental da primeira produção, cujas qualidades narrativas se apresentam indiferentes do longa anterior, algo que essa franquia tem sabido realizar como ninguém é um trailer caprichado e que evoca a amplitude e o esmero dessa produção. Se o resultado cinematográfico atingisse o nível épico que o trailer sugere (grandioso e de impacto marcante ao som de Sweet Dreams) talvez chegasse aos pés de um God of War (game que bebe da mesma fonte). Aqui em sua história acompanhamos novamente o semideus Perseu (Sam Worthington), após derrotar o Kraken e se negar a viver entre os deuses no primeiro filme. A trama dessa sequência se passa cerca de 10 anos depois desses eventos. "Fúria de Titãs 2(Wrath of the Titans, 2012), apresenta agora Perseu levando uma vida pacata na terra, cuidando de seu filho Helius distante de confrontos. Porém, a fé dos homens em seus deuses tem demonstrado estar abalada, desencadeando o fortalecimento das criaturas do submundo. Dentre eles o pai de todos os deuses, o titã Chronos, aprisionado no Tártaro. Perseu é recrutado por seu pai, Zeus (Liam Neeson) para ajudá-lo na tarefa de consertar as consequências causadas pela queda da fé da humanidade, mas Perseu se nega a interferir em assuntos dos deuses. Assim o Deus do submundo, Hades (Ralph Fiennes) junta forças com o Deus da Guerra Ares (Edgar Ramirez), também filho de Zeus, para destruí-lo e libertar Chronos de sua prisão. Após a revelação da conspiração ocorrida sobre Zeus, Perseu passa a participar na luta, junto a Andromeda (Rosamund Pike); o semideus Agenor (Toby Kebbell), filho de Poseidon; e o deus caído Hefesto (Bill Nighy); para invadir o submundo e resgatar Zeus antes que seja tarde.


Como filme de entretenimento "Fúria de Titãs 2" mantêm sua proposta de qualidade histórica rasa e visual apurado, pecando ruidosamente no roteiro que desperdiça uma fonte rica de histórias da mitologia grega, com cenas de ação desenfreada e correria que não empolga tanto assim. Mesmo com efeitos visuais bem acabados, e lutas a reveria, apenas o primeiro confronto de Teseu, contra Quimeras, possui esse poder de enaltecer a capacidade do protagonista diante de criaturas mitológicas. Tudo funciona de forma a proporcionar material para conceber sequências de ação grandiosas – principalmente com recursos 3D – que justifiquem sua concepção. Inclusive as batalhas estão mais longas e numerosas do que no primeiro filme. O surgimento de Chronos na tela e monstruoso (gigantesco e destruidor, varrendo legiões de soldados com violência e lava escaldante) como a do Kraken no filme anterior. Mas essa supervalorização do visual, que costura e adultera personagens mitológicos, perde uma excelente oportunidade de criar uma obra cinematográfica relevante de material consistente. Personagens mitológicos são promovidos (caso de Agenor, que na historia é apenas um rei) e de como certos contos são mesclados por liberdade poética ou conveniência (Teseu derrotou o Minotauro, como visto no filme "Os Imortais", e não Perseu). Essa mistura de vários personagens e mitos também é presente no game "God of War", um verdadeiro marco da mitologia dentro da cultura pop. No entanto essa característica se apresenta mais natural no jogo. O uso de clichês é inevitável para dar vida a esse longa: Agenor fazendo o papel cômico que arranca risadas do espectador; Perseu querendo ser o superpai; Zeus querendo se aproximar do filho e o vilão arrependido, sensibilizado com a nobreza daqueles aos quais traiu.

As tragédias gregas vistas pelo olhar comercial das superproduções ganham contornos visuais eletrizantes, mas de pouco conteúdo e pouco . E a crítica ainda atirou pedra quando viu “300, (de base histórica e não mitológica) dirigido por Zack Snyder, acusando-o de o roteiro ser desprovido de originalidade. Hoje ainda, sequências de ação aplicadas por Snyder são copiadas em filmes do gênero. Por fim, "Fúria de Titãs 2" é uma evolução de si mesmo, previsível e feita para agradar o grande público, sem pretensão de virar referência para estudiosos helenísticos. Os gregos apenas funcionam como ferramenta de pano de fundo para transpor toda a emoção dos efeitos visuais dentro de um enredo construído de acordo com a necessidade. Mas ainda assim, por melhor que seja resultado, essa produção deixa aquela desagradável sensação de que poderia ter se tornado melhor.  


Nota:  6,5/10
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4 comentários:

  1. E já tão pensando em fazer um 3º filme...
    Só não sei como, já que mataram todos os deuses no 2º filme, né?
    Bom, essa série cinematográfica não se preocupou na verdade em NADA com a Mitologia Grega. O 1º filme só adaptou o original de 1981 pros padrões dos efeitos especiais de hoje (por sinal, exagerando bastante na aparência de alguns personagens, como aquele Kraken que é uns 500 metros maior que o de 1981 e aquela Medusa também uns 20 metros maior que a original). E o 2º, apenas pegou alguns personagens de mitos gregos diferentes e juntou todos aleatoriamente pra fazer uma história de aventura, ou seja, fez a mesma coisa que os seriados Hércules e Xena.
    Vale a pena ver esse filme se a intenção for mesmo tão somente se distrair com um filme de aventura com bons efeitos especiais. Mas não passa disso.

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    1. Para mim, a melhor coisa desse filme mesmo foi o trailer. Me fez salivar para assisti-lo. O primeiro era mais fundamentado, enquanto o segundo apenas pega carona no sucesso do anterior. É bacana, mas está longe de ser mais do que realmente é: um programa escapista.

      abraço

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  2. Disse tudo....história rasa......não me empolguei.

    Filme frágil.


    abs

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    1. E segundo o Bussola ainda vai ter continuação... Cinema é complicado!

      Seja bem-vindo Renato
      Você fez falta no mês de agosto!

      abraço


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