sexta-feira, 24 de junho de 2016

Crítica: Rua Cloverfield 10 | Um Filme de Dan Trachtenberg (2016)


Depois de um estranho acidente de carro ocorrido numa escura rodovia, Michelle (Mary Elizabeth Winstead) que foi resgatada do acidente desacordada por fim acorda bem, mas inexplicavelmente confinada em um abrigo subterrâneo na companhia de dois homens completamente estranhos. Um deles é Howard (John Godman), um ex-militar e dono do abrigo no qual se encontram e que alega ter salvado sua vida de um ataque químico que contaminou toda a superfície e impossibilita a permanência da vida sobre ela; e o outro é Emmett (John Gallagher Jr.), um antigo funcionário de Howard que colaborou na construção do abrigo e não pensou duas vezes em buscar ajuda no bunker subterrâneo quando viu o eminente ataque. Mas mesmo com toda a segurança que o abrigo possibilita aos três indivíduos, Michelle se mostra inquieta em relação à proteção que lhe é oferecida. Mesmo com todo o conforto e a proteção, algo de errado está acontecendo ao seu redor. E ao longo dos dias no confinamento do abrigo surgem alguns mistérios em relação a Howard que instala um clima de hostilidade entre os três sobreviventes que se mostra tão perigoso quanto à situação lá fora. “Rua Cloverfield 10” (10 Cloverfield Lane, 2016) é thriller de suspense estadunidense escrito por várias mãos e que marca a direção de Dan Trachtenberg. Quando em 2007, J.J. Abrams produziu e Matt Reeves dirigiu uma surpreendente ficção catástrofe chamada de “Cloverfield – Monstro”, os olhos do mundo se voltaram a essa estilizada produção que recebeu inúmeros elogios da crítica especializada e do público. “Rua Cloverfield 10” não foi diferente. Essa produção não para de acumular congratulações.


Parente distante da produção de 2007, “Rua Cloverfield 10” não se assemelha em nada ao desenvolvimento do filme antecessor que hoje tem os nomes de J.J. Abrams e Matt Reeves na produção. Filmado de forma convencional, sem o recurso do found footage em sua narrativa (método de filmagem onde os próprios atores interpretam seus personagens com a câmera na mão), essa produção herda pouco do legado deixado pelo filme de 2007, apesar do crédito de seu título (o nome Cloverfield é um conveniente chamariz de antigos espectadores). Sobretudo, “Rua Cloverfield 10” é um trabalho paralelo, com qualidades e aspectos singulares que o diferenciam e até o melhoram em comparação. De premissa intrigante, perfeitamente explorada pelo roteiro de modo inteligente, seu desenvolvimento está repleto de reviravoltas extremamente funcionais ao projeto. Entre passagens de tensão e ansiedade surgem momentos inesperados de leveza quebrados por uma impactante reviravolta. Dan Trachtenberg se mostra habilidoso em orquestrar essas mudanças de tom, o que oportuna para o delírio da plateia brilhantes atuações por parte desse pequeno trio de atores que nos prendem tanto ao confinamento quanto a história em si. O filme dá pistas que oscilam entre o fundamento e a falsidade, faz revelações dosadas ao espectador e ainda consegue com muita funcionalidade pregar uma peça no público com a mesma ênfase que Mary Elizabeth Winstead é golpeada. Por essa e outras razões que “Rua Cloverfield 10” tem acumulado elogios, gerado um lucro muito superior ao seu orçamento e garantido a possibilidade de uma possível continuação futura (o que faz valer o gancho que é mostrado em seu desfecho).

Nota:  8/10

4 comentários:

  1. O filme é realizado com total competência, difícil discordar disso. Mas só funciona bem para quem não sabia a real natureza da ameaça aos personagens; para quem infelizmente sabia (como eu, vítima de spoiler), a tensão escoa pelo ralo rapidamente.

    Cumps.

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    1. Verdade. Se para os fãs do filme de 2007 diminui um pouco a força da experiência, para quem não fazia ideia o impacto com certeza foi maior. Particularmente eu achei que os responsáveis iriam pregar uma peça no espectador, e mais nada, mas atenderam as expectativas combinando algo mais.

      Ótimo roteiro, excelentes atuações e um dos melhores filmes que andei vendo recentemente.

      Abraço

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  2. Eu esperava que o final desse filme fosse parecido com o de 2007 onde o espectador cria esperanças que são esmagadas no fim.

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    1. Para eu ser sincero com você, eu não sabia nem o que esperar. Foi tanta reviravolta que o final parecia que não chegava nunca. E quando chegou, me agradei com o fato de ele possibilitar um continuidade.

      abraço

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