sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Crítica: Corrente do Mal | Um Filme de David Robert Mitchell (2015)


Jay (Maika Monroe) é uma jovem que tem preocupações e ocupações típicas de uma adolescente de sua idade. Entre a escola, o planejamento de suas paqueras e momentos de relaxamento descompromissados nos arredores de seu bairro, ela vive uma vida tranquila com a família e amigos. Mas certa noite, após ter tido uma relação sexual com um garoto que há poucos dias havia conhecido, descobre ter sido contaminada com uma força maligna que lhe foi e somente é possível ser transmitida sexualmente. Descrente das possibilidades disso ser verdade, logo ela percebe que é real mesmo. A ameaça existe e está em seu encalço aonde quer que vá. Essa maldição que carrega obriga a fugir de uma entidade aterrorizante que somente ela consegue ver e a segue aonde ela vá, e que se a pegar irá mata-la violentamente. A única forma de se livrar dessa corrente maligna seria como o garoto fez: passando para outra pessoa da mesma forma que adquiriu a maldição. “Corrente do Mal” (It Follows, 2015) é uma produção de terror indie que se mostra uma das mais novas sensações do gênero dos últimos tempos. Escrita e dirigida por David Robert Mitchell, o filme tem um elenco completamente desconhecido do grande público e teve um mísero orçamento de 2 milhões de dólares para sua realização. Com uma divulgação intensa marcada de informalidade (boca a boca) em redes sociais e sites cinéfilos, essa produção consegue criar consequentemente um novo e promissor mito de terror para o futuro e um genial programa para o momento.


É fácil alegar que “Corrente do Mal” talvez seja um dos melhores filmes de terror de 2015. Embora não seja também necessariamente original em sua totalidade, demonstra um encantador vigor em sua proposta. Desenvolvido a partir de uma premissa relativamente simples, o filme tem um acabamento bem delineado por uma produção eficiente, onde o combustível motor de sua trama (a constante eminência da morte de sua protagonista) consegue prender a atenção e gera uma incessante atmosfera de tensão e suspense. Em tempos em que cenas fortes de carnificina e banhos nojentos de sangue vêm sendo adotadas com mais frequência no gênero, à direção de David Robert Mitchell ganha o espectador no terror psicológico e nas possibilidades do imprevisível acontecer a qualquer momento. Mas isso de forma elegante e sem exageros desnecessários. Interessantemente associado por muitos críticos como uma metáfora, onde o mal que segue a atriz Maika Monroe faz menção a doenças venéreas que ameaçam a vida de jovens, o espectador acima de tudo deve se ligar ao material sólido que decorre pela película, que já se mostra o suficiente para instigar os sentidos do público. O roteiro que explora bem as possibilidades, não faz revelações precoces sobre o enredo, como também não entrega com facilidade para inevitáveis questionamentos que possam surgir no decorrer do desenvolvimento (Qual é a origem desse mal que não cessa na lenta perseguição sobre o amaldiçoado?). E isso estrategicamente possibilita uma promissora continuação.

Por fim, “Corrente do Mal” pode surpreender uma expressiva gama de espectadores tanto quanto a sua protagonista. O filme tem entre seus vários méritos, principalmente a respeito dos aspectos simbólicos encrustados na obra, a capacidade de causar a sensação de introspecção no espectador. Imaginar um ameaça sobrenatural te seguindo de forma incessante, que até lhe concede algumas pausas falsas de descanso, mas que se aproxima lentamente nas mais diferentes formas independente de onde e com quem esteja, e que se te alcançar será fatal, pode render um programa tão fascinante quanto se possa imaginar. Mesmo tendo seguido um leque de clichês do gênero, essa produção autoral de terror ainda vai render muito pano pra manga para o futuro.

Nota:  8/10

4 comentários:

  1. Gostei das críticas que li pela internet.

    Está na lista para conferir.

    Abraço

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    1. Baixei e assisti na telinha, mas estreou essa semana nos cinemas. Gostei muito!

      abraço

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  2. A premissa do filme é original, e o "monstro/assombração" também. Não achei muito assustador, é contido demais para o gênero, mas valeu pelas novidades.

    Cumps.

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    1. Verdade. O filme é bem contido. Particularmente gosto da atmosfera que se cria em seu desenvolvimento e isso é seu maior mérito. Espero ansioso por uma sequência!

      abraço

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