domingo, 3 de maio de 2015

Crítica: Amaldiçoado | Um Filme de Alexandre Aja (2013)


Em uma pequena cidade americana, Ig Perrish (Daniel Radcliffe) é um jovem atormentado pelo assassinato de sua delicada namorada, Merrin Willians (Juno Temple), uma linda jovem morta violentamente nas redondezas de uma floresta. Se já não bastasse ter de conviver com o arrebatador sofrimento da perda do amor de sua vida, ainda é acusado pelos habitantes pelo cruel assassinato. Inclusive seus pais o julgam culpado e somente seu amigo de infância, agora advogado de defesa, Lee Tourneau (Max Mighella) acredita que Ig é inocente. E sem nenhuma explicação lógica, Ig vê chifres brotarem em sua cabeça que lhe concedem inexplicáveis poderes que faz todas as pessoas ao seu redor confessarem seus pecados e realizar seus desejos mais íntimos sem censura. O que a primeira vista parecia ser uma injusta maldição, acaba tornando-se uma grata benção para Ig, sendo que com esses misteriosos poderes conferidos pela presença dos chifres, ele passa a reunir confissões que possibilitam descobrir a identidade do verdadeiro assassino de sua amada e provar sua inocência. “Amaldiçoado” (Horns, 2013) é uma produção de comédia fantasiosa estadunidense dirigida pelo cineasta francês Alexandre Aja (responsável pela refilmagem do clássico do terror “Piranha 3D”, em 2010). Lançado no Festival de Cinema de Toronto em 2013, o filme foi escrito por Keith Bunin com base no romance de mesmo nome de Joe Hill. Com Daniel Radcliffe como protagonista (ainda presente no gênero da fantasia que o consagrou ao mundo depois de estrelar a franquia “Harry Potter), Alexandre Aja cruza vários gêneros promissores (a comédia, a fantasia e o suspense policial) em uma história no mínimo curiosa que se perde a pouco mais de meio caminho. E mesmo que tenha suas qualidades permeadas pelo desenvolvimento, há uma desagradável sensação de tentativa fracassada ao renovar o gênero da fantasia. 



Amaldiçoado” é uma transposição limitada de uma premissa impressionante. Embora Alexandre Aja desperdice de cabeça pensada o seu punhado de boas sacadas visuais logo no início, como a transição de um romântico e ensolarado bosque para uma sombria e deprimente residência, ou como o surgimento do título dessa produção saindo do aquecimento de um acendedor de cigarros do automóvel do protagonista, Aja demonstra surpreendentemente até alguma competência e dinâmica sólida para contar a história de um jovem que certo dia acorda e percebe que cresceu dois chifres em sua testa. Passagens de humor são bem acertadas dentro do conjunto da obra que denotam o tom descompromissado da produção, como os momentos de lirismo surgidos de alguma inspiração autoral se intensificam com a trilha sonora que possui duas canções fantásticas (“Heroes” de David Bowie e “Where is My Mind”, do Pixies), que por fim conferem certo apuro auditivo ao filme. A apresentação dos personagens em volta dos acontecimentos, o desenvolvimento da história que lida com o sobrenatural com certa desenvoltura e os gêneros que se entrelaçam ao decorrer do tempo para alavancar a ação são de uma inventividade e ritmo satisfatório também. Mas ainda que Daniel Radcliffe, o grande nome do elenco cumpra o seu papel dentro do possível, o roteiro recheado de falhas sobressai sua presença. Se o desenvolvimento das duas primeiras partes se mostra até certo ponto agradáveis (mesmo carregando o material de simbolismos nefastos), é na etapa final que Aja arruína todo o conjunto. Exagerado de forma desnecessária, para não dizer simplesmente desagradável, o cineasta deixa aflorar seu estilo de fazer cinema e afunda todo o desenvolvimento que já não se mostrava um exemplo de excelência. E assim, no final das contas “Amaldiçoado” apenas se mostra um filme interessante de premissa, que não se pode levar a sério e que se esqueceu de valorizar a etapa mais relevante do processo criativo de um longa-metragem (o clímax, o desfecho, o final), isso independente do gênero no qual habita.

Nota:  6/10

2 comentários:

  1. Nossa! Eu nem sabia desse filme! E olha que recentemente eu li algumas reportagens sobre o Daniel Radcliffe.

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    1. Na verdade o filme até é antigo: 2013. Primeiro iria ser lançado no Brasil com o título de "O Pacto", mas não rolou. Trocaram o nome, e nem sei se foi lançado ou quando vai ser. O filme recebeu críticas negativas e caiu no limbo do circuito comercial e provavelmente será (ou foi) lançado diretamente em vídeo. Gostei da sinopse, e fui atrás conferir. Minha opinião deixei acima.

      abraço

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