segunda-feira, 23 de março de 2015

Crítica: Cinquenta Tons de Cinza | Um Filme de Sam Taylor-Johnson (2015)


Tudo começa com um favor prestado a uma amiga doente. Anastasia Steele (Dakota Johnson) é uma jovem estudante de literatura inglesa que precisa entrevistar para o jornal da faculdade, a pedido da amiga adoentada, o jovem Christian Grey (Jamie Dornan), um milionário e misterioso empresário. Seu sucesso somente está à altura dos mistérios em volta de sua figura. Se de um lado Christian se mostra uma poderosa e fascinante celebridade habituada a estar em destaque, a qual o fenômeno de ser e estar em foco, Anastasia é uma garota de 21 anos, de poucas posses, recatada e de uma inacreditável inexperiência de vida. E desse encontro surge uma estranha relação, física e emocional que pode mudar o destino de ambos os envolvidos. “Cinquenta Tons de Cinza” (Fifty Shades of Grey, 2015) é uma produção estadunidense baseado no best-seller erótico de mesmo nome escrito pela escritora inglesa E.L. James. Dirigido pela diretora Sam Taylor-Johnson (realizadora do interessante “O Garoto de Liverpool”, de 2009), com base no roteiro de Kelly Marcel, o longa-metragem é um típico filme-evento que muitas vezes pode repentinamente habitar a mais diferente das conversas sem aviso prévio. Se você não tiver assistido, um sentimento de estranheza irá toma-lo. E para que isso não aconteça, você passa a se sentir na obrigação de conferir o resultado. E mesmo que o filme possa ser apedrejado pelos mesmos aos quais o alavancaram a cifras exorbitantes nos cinemas (essa produção bateu recordes de bilheteria em território nacional), ainda assim você deve estar familiarizado com os detalhes do desastre.


Cinquenta Tons de Cinza” está para o público adulto como a saga “Crepúsculo” estava para os espectadores adolescentes. E coincidentemente a qualidade também não se difere em muito, sendo que ambos possuem uma carga de requintes estruturais, mas repletos de limitações e falhas incômodas. Em sua primeira hora, o desenvolvimento da trama dessa produção não difere em muito de uma típica comédia romântica, repleta de tiradas de humor, onde os opostos se atraem sob as mais estranhas inconveniências que geram boas risadas. De onde até se pode tirar uma boa dose de entretenimento. Mas é na segunda parte, quando a cortina cai e as motivações de tanta polêmica passam a se materializar em tela, é que a coisa simplesmente desanda. Se a base da transposição já não era das mais ricas, o roteiro burocrático de Kelly Marcel, que permeia todo o desenvolvimento com diálogos pobres não ajudam na confecção de uma excelência textual convincente, tanto nos desejos que imperam nas motivações de Christian Grey, quanto nos consentimentos feitos por Anastasia Steele. A satisfação sexual obtida através de fetichismo é extremamente justificável num mundo contemporâneo que busca sepultar certos tabus, porém a extensão desse comportamento ao cotidiano soa inúmeras vezes artificial no desenvolvimento da trama, como também contraditório pelo argumento limitado. E quem sofre com isso é o elenco: se Dakota Johnson passa a ser refém de sua personagem, se mostrando apenas um lindo corpo nu, Jamie Dornan não compõe um vilão-herói que desperte sequer simpatia. Além do mais, o restante dos personagens que habitam a película (a mãe de Christian interpretada por Marcia Gay Harden) não se mostram verdadeiramente essenciais ao conjunto.

Essa produção fica marcada de mais ausências do que de atribuições, sendo que lhe faltou um verdadeiro clímax arrebatador que causasse espanto ao espectador, como uma cena ícone para ficar gravada na memória do público. E por isso, entre algum erotismo folclórico e muita nudez, “Cinquenta Tons de Cinza” é impossível ser levado a sério, como filme ou como história. Já que uma história marcada de dominação e controle absoluto sobre o sexo oposto, mesmo com uma aprovação documental, adocicada com um verniz hollywoodiano quase sempre infalível, soa demasiadamente um retrocesso evolutivo. Considerando que uma lenta cruzada de pernas realizada por Sharon Stone (referente ao thriller policial “Instinto Selvagem”, realizado em 1992) até hoje é recordação vívida na memória de cinéfilos do mundo todo, “Cinquenta Tons de Cinza” com todo o seu efeito exótico é um caso passageiro sem importância que dentro de algum tempo ninguém mais lembrará sequer do nome.

Nota:  5/10

4 comentários:

  1. É um filme evento e nada mais do que isso.

    Não assisti, talvez veja quando passar na tv.

    Abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Geralmente com filmes como esse eu adoto uma postura parecida, considerando que na maioria dos casos, até de graça custa caro para assistir :)
      Acredite: eu fui vítima das circunstâncias...

      abraço

      Excluir
  2. Cara, que filme ruim... vazio... sem nexo.

    ResponderExcluir