segunda-feira, 16 de junho de 2014

Crítica: O Capital | Um Filme de Costa Gravas (2012)


O presidente de um renomado banco francês é diagnosticado com uma doença que requer um afastamento imediato. Diante dessa situação, os membros que compõem o conselho do banco planejam uma conveniente sucessão. No entanto, a escolha feita pelo presidente para sucedê-lo, o jovem Marc Tourneuil (Gad Elmaleh) não foi vista com bons olhos pelo elitizado conselho, além do fato, de que sua inesperada ambição acabe por torná-lo um grande problema para integridade da instituição financeira que recentemente lhe foi conferida à responsabilidade. “O Capital” (Le Capital, 2012) é mais um drama consistente realizado pelo cineasta grego Costa Gravas (responsável por “Z” de 1969; “O Quarto Poder” de 1997; entre outros mais) que adaptou o romance de “Le Capital” do francês Stéphane Osmont. Ao discutir alguns aspectos da crise mundial e suas conseqüências no panorama financeiro europeu desde a crise de 2008, Costa Gravas (um especialista em filmar dramas políticos que lhe conferiram a batuta de “cineasta político”) entrega um filme com uma abordagem crítica sobre o capitalismo com um tom de cinismo bem elaborado e um protagonista representativo que casa bem com a proposta desse longa-metragem.


Se no passado a maioria dos seus filmes eram armados com críticas aos regimes militares que regiam o curso das sociedades internacionais, em “O Capital” Costa Gravas disseca a corrupção, os jogos de tramoias políticas e os acordos financeiros escusos para compor seu filme mais contemporâneo. Os bastidores do poder, a ascensão e o declínio dos poderosos são os elementos chaves desse trabalho do cineasta. Com ótimas atuações, uma ambientação elegante dos relacionamentos de interesse de grandes executivos que regem o curso do ambiente financeiro mundial comprimido em um roteiro elaborado de modo magistral, Costa Gravas entrega um filme que não deve em nada aos seus mais antigos longa-metragens. Embora aos 80 anos de idade, ainda que suas críticas sociais e políticas voltadas ao lado oculto do poder estejam mais sutis e discretas, seu olhar crítico continua afinado como nos tempos de “Z”, quando ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrageiro. Por fim, “O Capital” é uma vitrine para o mundo corporativo composto por articulações financeiras hediondas. Não trás necessariamente nenhuma novidade que não tenha sido contemplada em forma de uma breve sinopse em algum noticiário dotado de credibilidade, mas também se destaca pelo foco competente desse ambiente no qual há poucos filmes realmente competentes. Indicado para apreciadores de filmes como: “Margin Call – O Dia Depois do Amanhã” ou “Tudo pelo Poder”.

Nota:  7/10

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