domingo, 3 de março de 2013

Crítica: Os Vingadores | Um Filme de Joss Whedon (2012)


Devo afirmar sumariamente, de que esse longa-metragem se superou. O filme "Os Vingadores" (The Avengers, 2012) atendeu a todas as minhas expectativas ao incorporar vários elementos necessários do universo da Marvel, e ao mesmo tempo completamente distintos, que se mostraram fascinantes para compor um longa à altura de minha ansiedade, e porque não dizer também de seus fãs: confrontos épicos entre os heróis, enredo plausível e conectado ao universo dos personagens, suspense e mistério acentuado, elenco em plena sintonia e com uma divisão de tela proporcional, direção ágil, efeitos especiais bacanas, ação de qualidade, humor refinado e várias outras qualidades que poderia escrever infinitamente. Esse filme não apenas ficou bom, mas ficou ótimo. Se tivesse sido realizado há cinco anos, não teria feito o estrondo que alcançou, entre a crítica e o público, estourando recordes de bilheteria e satisfazendo fãs, que muitas vezes são exageradamente críticos. Certamente é apenas mais um blockbusters pipocando criado com a única finalidade de ganhar horrores de dinheiro, mas inquestionavelmente bem realizado. Por isso, caso não tenha assistido aos filmes-solo do Capitão América: O Primeiro Vingador (Captain America – The First Avenger, 2011), ao filme Thor (Thor, 2011), O Incrível Hulk (The Incredible Hulk, 2008) e aos filmes do Homem de Ferro (Iron Man, 2008 e 2010) deve-se, apesar de tardiamente, assisti-los para familiarizar-se com o processo de evolução que levou a criação da S.H.I.E.L.D. (Divisão de Intervenção Internacional Estratégica de Espionagem e Aplicação da Lei), como é finalmente apresentada no filme dos vingadores.


A história por incrível que pareça, não foi costurada para unir todos os personagens em um único filme – como os pessimistas profetizavam – e sim, foi encaixada com precisão – como deve ser – ainda tendo uma infinidade de personagens de diferentes personalidades dentro do mesmo roteiro sem menosprezar ninguém do variado conjunto. Mérito dado a Joss Whedon, que conseguiu fazer muito, e muito mesmo, ainda que as probabilidades estivessem contra ele no imaginário dos incrédulos. Responsável pela finada série “Buffy – A Caça-Vampiros” também tinha essa característica de ter vários personagens agindo simultaneamente, apesar de ser mais simples conduzir algo assim numa série televisiva. Um longa-metragem temporizado com pouco tempo de trama se complica e inflaciona a responsabilidade. Trata-se sempre de um orçamento milionário distribuído em cerca de 2 horas que corre o risco de fracassar sem dar oportunidade para medida de correção dependendo dos equívocos cometidos.   


A trama de “Os Vingadores” é resumidamente movida pelo interesse de vingança e poder de Loki (irmão de Thor) em dominar o planeta terra. Foca as ações da S.H.I.E.L.D. em reunir urgencialmente soldados com habilidades especiais através da chamada Iniciativa Vingadora, para combater os inimigos que nenhum outro exército do mundo estaria apto. E esse inimigo, aparentemente em forma de mensageiro da morte, aparece, onde Os Vingadores juntam-se depois de várias divergências para combatê-lo em prol da existência humana. Muitas produções desse gênero falharam em criar uma trama que transparece-se clareza e naturalidade com muitos personagens, porém o roteiro de superprodução assumida, tem a coerência e a leveza de um trabalho independente – é divertido e de fácil compreensão até mesmo para quem não havia visto os filmes-solo dos personagens. Tem ares de ser um filme de Michael Bay, exagerado e visualmente sofisticado. Mas basta ver os créditos finais para se constatar que essa impressão se resume apenas na aparência, pois o conjunto da obra tem muito mais a oferecer do que os melhores trabalhos de Bay. 


Personagens antes desfocados e pouco aproveitados em suas aparições anteriores ao filme dos vingadores tiveram oportunidade de provar seu valor diante de ícones mais conhecidos como Hulk, Homem de Ferro, Capitão América e Thor. Scarlett Johansson somente ampliou seu destaque, que já havia alcançado em O Homem de Ferro 2, quase nos fazendo desejar um filme solo dela como a Viúva Negra. A atuação de Jeremy Renner como o Gavião Arqueiro, e como seu personagem foi articulado dentro da trama, oscilando entre vilão e mocinho fechou as contas, sem dever nada. O astro, Samuel L. Jackson mostrou porque veio no papel de Nick Fury – além das semelhanças físicas que o deixam quase idêntico ao personagem dos quadrinhos – o ator mostra-se realmente convincente no papel de líder de uma organização do porte S.H.I.E.L.D. sem ficar com cara de bobo. E apesar do infeliz destino do agente Coulson – tratar-se de personagens em quadrinhos, o que não quer dizer que seja definitivo - foi brilhante, inclusive quando gerou a motivação que faltava ao grupo para se unir para combater o mal que estava prestes a dominar o mundo. Sua participação indireta, usada com astúcia de Nick Fury, transformou-se naquele momento vibrante que todos os espectadores ansiavam durante a sessão. 


O ator Tom Hiddleston continua seu papel de vilão não punido com a devida eficiência. Caracterizado com ganância, inveja, ambição, e cheio de problemas familiares pendentes, refletem suas motivações para ser o estopim da criação da Iniciativa Vingadora. O personagem Capitão América consegue se redimir em comparação a sua primeira aparição, justificado por seu expressivo desempenho como líder e por sua desenvoltura na trama. Chris Evans deveria agradecer ao Robert Downey Jr., por ter gerado seus melhores momentos em cena. Os hilários principalmente. E engraçado foi à forma como um personagem como Hulk, interpretado dessa vez por Mark Ruffalo, uma escolha interessante diga-se de passagem, protagonizou um grande desfecho de forma espirituosa que jamais causaria censura por parte de fãs familiarizados ou não com o comportamento do personagem. Hulk se apresenta de forma fascinante ao espectador. A interpretação de Chris Hemsworth como Thor - arrogante e presunçoso, porém mais habilidoso com o martelo Mjolnir - continua uma incógnita sem alterações para bem ou para mal. Apenas cumprindo seu papel dentro da trama atende as necessidades essenciais do enredo. A disputa de forças com Tony Stark foi seu ponto alto, e imprescindível como elemento necessário na fórmula dos quadrinhos levada ao cinema. Divergências entre heróis, sempre foi comum nas HQs. Como a reunião de personagens diferentes da mesma editora em uma única publicação sempre resultou em confrontos inflamados nem sempre justificáveis.


Trata-se de um filme cuja realização técnica é irretocável. A direção de fotografia de Seamus McGarvey ressalta a o brilho e as cores que fazem lembrança ao formato dos quadrinhos. Os efeitos visuais estão bem acabados e sempre tem sua aparição em momentos cruciais da trama, deixando claro o brilhantismo da produção. Os efeitos visuais são ferramentas para se obter o resultado, e não o objetivo do trabalho. O destaque fica por conta do elenco, que puxa para si as atenções do espectador, independente se estão verdes ou voando. A importância inegavelmente existe, justamente por se tratar de um filme de heróis, mas o roteiro proporciona bons momentos com apenas diálogos e imagens legais de nossos heróis. A trilha sonora de Alan Silvestri também funciona redonda, apesar do pouco tino comercial que marca a cinessérie do Homem de Ferro com AC/DC e Black Sabbath. Um excelente filme para ser conferido em 3D, apesar de perder força desse recurso na telinha.


E Robert Downey Jr. interpretando o Homem de Ferro, somente nos fez salivar pelo lançamento do terceiro filme, que se mostrou otimista por parte da Marvel Studios em aumentar seu orçamento na expectativa de realizar mais um grande marco de bilheteria através do sucesso alcançado pelo filme dos Vingadores. Logicamente trata-se de entretenimento criado para proporcionar lucro, onde poucos longas do genero conseguem transcender os limites das possibilidades como a franquia do Homem Morcego realizada por Chrstopher Nolan. E se há alguém a agradecer pelo fantástico filme que “Os Vingadores” se tornou afinal, sem dúvida nenhuma todos os aplausos devem ser direcionados a Robert Downey Jr. por seu carisma e sua transposição perfeita do herdeiro das Industrias Stark. Nada mais justo que os trailers pré-exibição fossem monopolizados pela presença dele. Outras sequências dos personagens vêm por aí, e certamente dos Vingadores virá também no seu tempo. Resta-nos aguardar por mais um ano de transposições cinematográficas de sucesso como tivemos em 2012.  

Avante Vingadores! 

Nota: 9/10  

2 comentários:

  1. Confesso que ainda não assisti, nem "Os Vingadores", nem os filmes individuais de cada herói, que o antecedeu. A verdade é que o universo Marvel ainda desperta pouca curiosidade em mim... Contudo pretendo vê-los, mas sem pressa...

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  2. Gosto não se discute Bruno. Particularmente sou fã de cultura pop, e essa materialização desse universo na película é um sonho realizado. Apesar dos inúmeros escorregões que esse gênero tem tido, fico feliz a cada acerto.

    abraço e obrigado pela visita!

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