quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Crítica: A Vila | Um Filme de M. Night Shyamalan (2004)



O diretor responsável pelo surpreendente “O Sexto Sentido”, e pelo incompreendido “Corpo Fechado” dispensa sumarias apresentações. M. Night Shyamalan tem entre essas fitas citadas um punhado de outros projetos bem curiosos em sua filmografia. Em seu passado, sua capacidade de sacar do limbo um tema esquecido e transformá-lo em sucesso a partir de uma fórmula infalível – onde criava uma atmosfera perfeita até a chegada de um desfecho inesperado – fez com que se consagrasse no cinemão. Seus trabalhos mais recentes (O Último Mestre do Ar ou A Dama da Água) não tinham essa brilhante sacada e consequentemente fizeram seu nome cair em descredito por não se adaptar aos métodos convencionais de se contar uma história, freando a multiplicação de fãs que crescia a cada première. De certo modo, inclusive causou um crescente aumento de deserções devido à insatisfação que o rumo de sua carreira tomou. Porém, sua capacidade de criar filmes brilhantes não foram golpes de sorte. Tiveram a estrutura e o comprometimento de seu realizador em sua plenitude que contribuiu para seu sucesso.

Em “A Vila” (The Village, 2004) não foi diferente. A história acompanha a rotina de uma vila no século 19 sitiada em uma floresta. Nas redondezas dessa floresta habita um mostro que permanece inofensivo desde que seja feita ocasionalmente generosas oferendas e que nunca, nunca se ultrapasse os limites do vilarejo para dentro da mata desconhecida. E sob esse mundo medido ocorrem acontecimentos que resultam numa afronta aos inabaláveis tabus pregados pelos anciões da vila liderados por Edward Walker (Willian Hurt). Lucius Hunt (Joaquin Phoenix), um jovem que deseja quebrar as regras impostas pela comunidade e apaixonado por Ivy (Bryce Dallas Howard) uma jovem cega, que também é fruto do desejo Noah Percy (Adrien Brody), uma figura tomada por contornos de desiquilíbrio. Por uma razão desconhecida o pacto parece ter sido quebrado, pois vários animais começam aparecer mortos nas redondezas mesmo que aparentemente nenhuma transgressão tenha sido cometida. E quando a jovem Ivy precisa ultrapassar os limites da cidade para salvar um membro da vila à beira da morte, confrontando o terror que o monstro tem sobre seu imaginário, nada a impede de cumprir sua destemida missão margeada por uma possível revelação de grandes segredos que rondavam os arredores da vila além do misterioso monstro.

Se você quisesse estragar o clímax e reduzir drasticamente o potencial cinematográfico de um filme de Shyamalan, era contando o final de seus projetos. O resto, ruiria como um castelo de cartas tamanha a importância desse elemento em sua narrativa. Porém, mesmo que seus filmes seguissem religiosamente uma cartilha, as temáticas abordadas pelo cineasta e roteirista sempre tiveram a peculiar diferença: em “O Sexto Sentido” tratava-se de um garoto que via pessoas mortas; em “Corpo Fechado” traçava a criação de um super-herói; enquanto em “Sinais”, outro de seus sucessos, abordava uma inusitada invasão alienígena de forma aterrorizante. Todos os seus trabalhos por mais que flertassem com o suspense de horror, eram abordagens sobre temas bem diferenciados. Já em “O Fim dos Tempos”, o diretor se arma do mesmo método sinistro de contar histórias – reduzindo amplitude do foco para dramas particulares do elenco principal – ao contar uma trama sobre o fim da raça humana, que se dizima ao perder o senso de auto sobrevivência devido a certas mudanças climáticas do planeta. Contudo, com um final distante do potencial impactante de seus trabalhos anteriores, o filme agrada exponencialmente ao espectador pouco ansioso em ver uma grande revelação. Toda obra se apoia apenas na premissa ligeiramente interessante que provem de uma teoria cientifica amparada pelo gênio Albert Einstein. 

Como nos trabalhos citados acima, “A Vila” tem suas maiores qualidades no elenco, sempre bem escolhidos para seus papéis. Desde a escolha da segunda parceria de Joaquin Phoenix, que já trabalhou com o cineasta indiano em “Sinais”, até a completa desconhecida Bryce Dallas Howard – filha de Ron Howard. Mas nem o mais brilhante elenco é tudo nos filmes desse cineasta, pois como em seus trabalhos anteriores, a parte técnica é sempre muito bem condicionada – uma direção de fotografia competente que intensifica os detalhamentos da produção de arte que criou locações e figurinos extremamente bem caracterizados. Por mais criticado que possa ter sido o cineasta M. Night Shyamalan por sua fase Hitchcochiana, culpado ao som de aplausos de fãs, é claro, A Vila” é um exemplo saudoso de sua capacidade de realizar filmes interessantes a partir de temas incomuns, e que infelizmente, não tem conseguido trazer com o mesmo esmero aos seus projetos mais recentes.  

Nota: 7/10

2 comentários:

  1. Oi Marcelo!
    Eu aprecio muito o trabalho do M.Night Shyamalan,gosto de quase tudo que ele fez só não curti muito o filme "Demônios".
    Esse filme em questão ainda não vi e vou apostar minhas fichas nele,a atmosfera criada para o filme me agradou.
    Abraço!

    Bruno
    http://oexploradorcultural.blogspot.com

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    Respostas
    1. Oi Bruno!

      "Demônio" teve a produção do cineasta, enquanto a direção ficou a cargo de outro diretor. Particularmente gostei do filme tambem, já que não apelou para o formato que consagrou a franquia "Atividade Paranormal".

      Abraço

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