segunda-feira, 25 de maio de 2015

Crítica: O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas | Um Filme de Jonathan Mostow (2003)



O que veio primeiro? O ovo ou a galinha? Bem... Filmes que abordam eventos onde a viagem no tempo é um elemento fundamental dentro da trama correm inevitavelmente um risco tremendo de deixar furos no roteiro e lacunas imperdoáveis, e essa produção intitulada "O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas" (Terminator 3: Rise of the Machines, 2003) está repleta de discordâncias e problemas de roteiro que se arrastam desde “O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final, dirigido por James Cameron (1991), apesar dos filmes realizados por Cameron serem narrativamente mais bem acentuados. Nessa terceira parte, o futuro e o presente se confundem de tal maneira que a única explicação para a existência do futuro é de que ele já faz parte de um hipotético passado. E se a empresa Skynet teve sua ascensão a partir de restos do primeiro Exterminador destruído por Sarah Connor (Linda Hamilton) em “Exterminador do Futuro” (1984), o que veio primeiro, afinal de contas?

Na trama de “A Rebelião das Máquinas”, acompanhamos John Connor (Nick Stahl) cerca de sete anos depois da explosão da Cyberdine ocorrida em 1997. Connor vaga pelo mundo como um nômade fugindo de seu destino depois de adiar o “O Julgamento Final”. Como solução encontrada pelas máquinas no futuro por não conseguirem localizar Connor no passado depois dos eventos ocorridos devido a explosão da Cyberdine, as máquinas enviam então uma Exterminadora, a T-X (Kristanna Loken) para matar os possíveis generais de Connor como forma ganhar uma vantagem estratégica na guerra em homens e máquinas. Porém a resistência também envia do futuro um exterminador, o T-850 (Arnold Schwarzenegger), reprogramado para deter a exterminadora e proteger Connor e Katherine Brewster (Claire Danes), peças fundamentais na guerra contra as máquinas.

As maiores qualidades dessa produção consistem unicamente em sua realização conturbada, desde a indefinição do ator Arnold Schwarzenegger em aderir ao projeto, pelo fato de James Cameron não estar envolvido na direção, ao orçamento que para época era exorbitante (200 milhões). O diretor Jonathan Mostow deu uma de Jan De Bont, que em “Velocidade Máxima 2” criou uma cidadela cinematográfica perfeita em sua composição, para destruí-la em apenas uma sequência. Mostow, também construiu uma rua inteira para destruir com a passagem de um guindaste em uma perseguição que remete à lembrança de “O Dia do Julgamento”, tamanha a pretensão de conseguir resultados a altura como os obtidos por Cameron com seus os filmes.


O elenco funciona na medida da produção, com um John Connor afetado pela falta de familiaridade com o personagem, ao mesmo tempo em que o robô interpretado por Schwarza está mais robotizado do que nunca. Claire Danes é chave da trama, apenas no contexto da franquia, pois sua interpretação não supera a via-crúcis que Linda Hamilton passou para salvar seu filho. Enquanto a belíssima exterminadora, totalmente desprovida de emoções faciais, esboça um sutil sorriso apenas quando incorpora a aparência do exterminado namorado de Katherine Brewster numa cena que remete novamente ao filme anterior a essa produção. 

E como todo trabalho de Mostow faz pastiche de “O Julgamento Final”, seguindo a fórmula de sucesso suplantada por Cameron, a direção inflaciona a ação e exagera nas sequências explosivas como atributo narrativo, enquanto o roteiro de John D. Brancato, Michael Ferris e Tedi Sarafian brinca com isso, criando algumas vezes de forma inusitada bons momentos de humor, como quando inserem o Doutor Sullivan na trama, numa ocasião onde satiriza o papel de médico e paciente ainda atormentado pelos acontecimentos passados anos atrás. Porém as cenas de ação não convencem pela falta de criatividade, tão marcantes nos filmes anteriores. Mas trilha sonora de Marco Beltrami (Duro de Matar 4.0) funciona de forma sistemática enriquecendo a climatização das sequências. 

O filme “O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas” não é de todo mal, apesar de desconecto com a qualidade narrativa incrementada por Cameron. Tem cenas de ação legais e muitos efeitos visuais bacanas na mesma proporção que há passagens que fazem qualquer fã da franquia entortar o nariz. Com um roteiro incapaz de criar outros jargões cool como "Hasta la vista, baby" e "Ill be back", a história até esse episódio não pede simplesmente mais uma sequência conveniente a franquia, mas grita em alto e bom tom por isso após um desfecho arriscado e apocalíptico que parecia  um obstáculo  ultrapassada.

Nota: 6/10

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