quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Crítica: O Exótico Hotel Marigold | Um Filme de John Madden (2012)



O atrapalhado dono do Hotel Marigold interpretado por Dev Patel lembra que na Índia há um ditado: “No fim, tudo dá certo”. E complementa em seguida: “Então, se não está tudo certo, ainda não é o fim”. O que poderia ser muito bem uma desculpa esfarrapada por parte do atrapalhado dono do estabelecimento a seus clientes – que estão cercados de problemas nas dependências desse exótico hotel – na verdade também é no que se baseia toda a motivação desse personagem, que acredita profundamente nas possibilidades dessa frase.

Esse filme chamado "O Exótico Hotel Marigold" (The Best Exotic Marigold Hotel, 2012) é baseado na obra de Deborah Moggach – adaptada para o cinema através do roteiro de Ol Parker – e que chegou aos cinemas através da direção do inglês John Madden, também responsável pela realização de outro sucesso do cinema chamado “Shakespeare Apaixonado”. Reunindo um elenco britânico de primeira, Madden criou através de seu olhar um profundo ensaio sobre a vida, o amor e as reviravoltas que sombreiam os envolvidos com esse sentimento e mistério. A história pode até envolver personagens distintos, cuja vida teve cuidados diferentes com cada qual, mas que a partir de um momento especifico se encarregou de uni-las e motivá-las a seguir o mesmo caminho, mesmo que a única coisa em comum seja o fato de fazerem parte da terceira idade. Assim o destino leva um grupo de idosos em direção a um hotel na Índia cuja funcionalidade é voltada a senhores e senhoras. Nesse grupo, composto: por Evelyn Greenslade (Judy Dench) uma recém-viúva, que nunca se virou na vida sem ajuda; Muriel Donnelly (Maggie Smith), cheia de preconceitos, foi governanta toda a sua vida até que um dia sofreu o afastamento devido sua idade avançada, tem problemas de saúde ao qual o tratamento será feito na Índia; Graham Dashwood (Tom Wilkinson), juiz, solteiro e insatisfeito com o rumo das coisas, decide retornar a Índia para resolver antigas pendências que lhe atormentaram por toda a vida; Douglas e Jean Ainslie (Bill Nighy e Penelope Wilton), casados há 40 anos, estão tendo um casamento delicado, e para piorar, falidos a única alternativa de repouso barata se encontra no hotel oferecido na Índia; Madge (Celia Imrie), depois de uma série de divórcios e fracassos amorosos, parte para a Índia em busca de um novo amor; e por último Norman (Ronald Pickup), solteirão e descarado, procura reviver os bons tempos da juventude e da virilidade. Para completar o elenco, entra em cena o jovem Sonny Kapoor (Dev Patel) que além de seus problemas de manter o exótico hotel funcionando, também possui problemas amorosos de difícil resolução. 


John Madden aproveita ao máximo todo o exotismo que cerca a ambientação feita na Índia, explorando as cores e a cultura, sem apelar para lugares óbvios para turistas como o Taj Mahal. E usa o personagem de Evelyn Greenslade, que relata suas experiências através do blog em várias narrações em off, para dissecar suas impressões sobre o ambiente onde toda trama se passa.  Mesmo com um elenco de peso por parte dos experientes turistas ingleses, que estão ótimos e envolventes em seus personagens, ainda é nos dilemas e obstáculos vividos por Dev Patel onde mora as maiores emoções desse longa. Um jovem cheio de sonhos e uma capacidade duvidosa de realizá-los. Seu personagem impressiona através de sua perseverança diante das dificuldades impostas a ele, de erguer o Hotel Marigold ao sucesso, ao mesmo tempo em que, deseja atender as expectativas de sua amada. A busca de Patel em encontrar algo positivo nas infelicidades e fracassos é bárbaro apesar de trágico. Através de uma narrativa suave e cômica, o filme flerta constantemente com a comédia durante toda a duração dessa produção. Por fim, "O Exótico Hotel Marigold" é um drama leve e carismático, conduzido com senso de humor e inteligência. Não chega no final a ser promissor como “Shakespeare Apaixonado”, porém não decepciona o espectador curioso em ver uma cultura diferente em tela de maneira simples, apresentado por um elenco capaz de ser tão exótico quanto possível.

Nota: 7/10


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